sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Quando a verdade doi







Como a irma de alma Camila Boroooowsky jah havia comentado em seu belo post http://gauchaemsampa.blogspot.com/2009/11/im-starting-with-man-in-mirror.html, eh muito engracado quando a gente percebe, do nada e com a vida, que muitas das coisas que a gente nao suporta/tolera nos outros sao coisas que a gente mesmo faz o tempo todo, meio que sem saber, meio que sem notar e per ai vai...

Tem muita coisa que eu nao engulo nos ditos seres humanos. Uma delas eh ter verdadeiro PAVOR de gente que tenta agradar, que quer ser legal a todo custo, que quer ser aceito no matter what. A velha historia do "empatia nao se compra". Nao adianta forcar, nao adianta mesmo. Mas por uma dessas ironias da vida (e tambem com ajuda do meu guru Nilton que entrou na minha vida quando eu mais precisava) eu finalmente me convenci de que (HOLY CRAP!), assim como minha mae, eu tenho esse lado HORROROSO de querer agradar, e, geralmente as pessoas erradas e que nao merecem. Ainda bem que percebi a tempo e agora soh aperto o botao do "foda-se" e soh agrado a mim mesma.

Outra coisa que eu nao suporto muitas vezes eh gente que fala alto demais, gesticula demais, grita demais, reclama demais, ocupa espaco demais... Hahahaha. Sim, estou falando de mim. Ou pelo menos de pessoas como eu. Bingo!

A preguica e falta de vontade de viver de certas pessoas me irrita. Dah nos nervos mesmos. Ultimamente, meu corpo nao aguenta mais trabalho, nem tarefas domesticas, que a cerveja eh na cama e o resto da noite eh lendo e dormindo. Sim, eu me tornei uma dessas pessoas. E quer saber? Adoro. Cada segundo passado comigo mesma, seja lavando pratos, cozinhando, limpando, lendo, escrevendo ou dormindo, sou mais feliz do que na companhia de gente que nao mereceria minha atencao. Eh, Mr. M! Life's like a box of chocolate, jah diria Forrest Gump. O ser mega sociavel se torna um eremita.

Gente piadista, metidinha a malandra, impaciente, que nao consegue parar quieta, que quer chamar atencao, moderninha, eca!!! E sim, eu tenho esse lado obscuro tambem...


A verdade eh que eu nao soh descobri essas coisas, mas (ainda bem!) tambem aprendi a lidar com elas. E little by little, como diria um dos Gallaghers, eu vou vendo beleza nos defeitos. Encontrando cumplicidade na minha propria loucura e desajuste. E um pouco de harmonia nesse quebra-cabeca com muitas pecinhas desconexas mas que, no fim das contas, formam uma bela imagem. Pode nao ser bela vista a olho nu, ou assim de relance. Se olhada com cuidado, talvez, sim, os outros tambem sejam capazes de enxergar o que eu tenho visto ultimamente. Ou, melhor ainda, sentido.

For better or worse, eh aceitando que se prossegue. E eh vivendo que se aprende.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Considerações pós Lua Nova




Todo mundo precisa de um pouco de opio de quando em vez. Panis et circenses. Um pouco de ilusao pra fugir da dureza que o mundo real geralmente nos impoe. Aquele corre-corre, empurra-empurra sem fim. E eh ai que entra a arte nas nossas vidas: aquela pocao magica que nos anestesia, conforta e distrai, mesmo que por tempo determinado, unfortunately.

No matter how controversial it might sound, eu nunca escondi de ninguem meu lado "mulherzinha", o que parece um tanto dificil de acreditar/aceitar pra quem acha que me conhece de verdade. Quem ve cara nao ve coracao, e por ai vai. Mas eu tenho essa lado sim. E, ultimamente, ele anda beeem aflorado, tanto que nao resisti e tive correr pro primeiro cinema e assistir ah alegoria ao amor que eh "Lua Nova". E descobri que, mesmo quase balzaquiana (sweet 27!!!), eu ainda nao perdi o dom de torcer pelo amor pueril e genuino dos filmes de adolescentes. E em meio a vampiros, lobos e jovens em crise existencial, eu me vejo um pouco em cada um deles. Suspiro, choro, grito, me indigno.

O problema de tudo isso eh a triste realidade que vem depois: no lado de cah, infelizmente, nao existem lobos sarados que nos resgatam do perigo iminente. A gente acaba atolando no brejo e tendo que voltar ah superficie com nossos proprios bracos. Nao existe beijo de reconciliacao na chuva. Muito menos vampiros palidos, porem extremamente charmosos, que nos juram amor eterno. E os humanos (os piores, sempre) nao renunciam de comodidades e privilegios em nome do amor.

No meu bosque nao tem lobos sem camisa pra me salvar do perigo. Nem uma familia mega bacana de vampiros que me acolhem como se eu fosse uma deles. Mas tambem nao tem os vampiros malvados (amem!). Nao tem passeios na garupa do vampiro gatao em meio a paisagens inospitas.

Sendo cruel a realidade ou nao, eu sei que carrego um pouco dessas criaturas fantasticas em mim. Sou orgulhosa como o lobo rejeitado. Mantenho a pose, nao desco do salto. Palida e por vezes simpatica como o vampiro protagonista. E as vezes doce e ingenua tambem. As vezes sinto-me perdida e isolada como a adolescente dividida entre um amor impossivel e o amigo "ateh que bonitinho" que oferece um ombro de consolo.

Humanos tem coracao. Isso que nos diferencia dos outros "seres" (dizem, pelo menos). E eh por isso que essas formulas prontas sempre dao certo. Nao existe criatura no mundo (com ou sem super poderes) que nao acredite no poder do amor e nao torca por ele. E eh por isso que adolescentes, adultos e velhos suspiram dentro do cinema. All we need is love. Alguem discorda?



domingo, 22 de novembro de 2009

A geração dos descontentes




Eu sempre admirei a geração de 60 e 70. Sempre fui apaixonada pela vida na época em que surgiu o que há de melhor na música, arte e cinema, tanto no Brasil como no mundo. Sempre tive um tremendo respeito pela geração que lutou contra a censura, contra a opressão. E que muitas vezes sofria calada. Mesmo querendo agir e não podendo. Puta respeito.

A minha geração, on the other hand, que tem a faca e o queijo na mão pra ser feliz e completa, é uma das mais vazias e descontentes que eu conheço ou já ouvi falar. É uma geração que, por ironia do destino, sofre por não ter pelo que lutar. Não existe objetivo maior: a vida é vazia mesmo. O mundo não nos surpreende, tudo parece préconcebido e aceito. Não existem ídolos nem gênios. A música é uma cópia refinada do que foi feito. O cinema e os livros também. Nada se cria, tudo se transforma (ou se copia, como preferirem).

Eu sofro desse mal tão típico na minha geração. E me envergonho disso. Ter o direito a toda liberdade e informação que temos já deveria ser motivo suficiente pra ser feliz e completo. Mas não, é justamente o oposto. Quanto maior o acesso, maior o descontentamento. Perdemos a capacidade de nos apaixonarmos pelo simples e genuíno. Queremos o impossível e o impalpável. Queremos o que ainda nem existe. Gente chata, isso sim. Mala sem alça.

Tá certo que descontentamento ajuda a mover montanhas e formar seres mais críticos e menos acomodados. Mas será que é bem assim que acontece conosco?

Minha geração é passiva. É espectadora e não protagonista. E envergonha aquela geração que foi às ruas pra lutar por um mundo melhor.

A gente reclama de barriga cheia. Odeio.

O lado que morreu em mim



Tenho me olhado no espelho e não tenho me reconhecido mais. Quando vejo aquela pessoa do outro lado, me olhando, vejo alguém um tanto ainda desconhecido pra mim. Alguns traços, porém, são bastante familiares. Tenho certeza de que já vi em algum lugar. Mas não, essa nova criatura refletida do outro lado do espelho é diferente: é mais calma, mais pé no chão, menos afobada. Eu vejo nos olhos dela que muito do que ela acreditava se foi com o tempo. Será que foi tudo em vão? - eu pergunto pra ela. Ela, infelizmente, não responde, só observa. Ela é mais esperta que eu, felizmente. E sabe também que não existe resposta pra tudo. O importante é a busca, não o entendimento.

Essa pessoa do outro lado do espelho percebeu muita coisa ao longo desses dois últimos anos. Ela tentou negar, mentir pra si mesma, camuflar o inevitável. Tentou buscar na bebida, a distração. Nos outros, a solução pros seus problemas. A vida dos outros sempre parece mais interessante. Ainda bem que no fundo, no fundo, não é não. Ela sabe que agora não dá mais pra perder tempo. Que o relógio tá passando, sem dó nem piedade. E ela não quer ficar pra trás. Ela cansou de muita gente e de muitas coisas. Cansou de não poder ser quem ela tanto quer. Cansou de não poder fazer tudo o que tem vontade. Cansou de não ter a valorização que seu trabalho merece. É por essas e outras que aquela pessoa do outro lado, que agora me olha com um pouco de pena, sabe que do lado de lá, ela já fez a parte dela. Falta agora, eu fazer a minha.

E é assim que eu finalmente entendi que é hora de crescer.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Cansei


Eu cansei.

De ser intolerante
De mudar de opinião a todo instante
De nunca estar satisfeita
De reclamar de tudo
De ser pobre
De não ter perspectivas
De saber que o mundo é injusto
De ver tanta injustiça
De tentar mudar o que não gosto em mim
De não ter as pessoas que eu mais amo perto de mim
De não poder desfrutar de Porto Alegre por não ter tempo
De querer ir embora a toda hora
De não ter pessoas que me entendam por perto
De ser subestimada
De não conseguir ter tempo pras pessoas
De conhecer muita gente e, mesmo assim, se sentir cercada por estranhos
De não ter tempo pra mim
De querer mudar o mundo
De querer ser importante
De chutar baldes
De tentar botar meu nome no mapa
De querer abraçar o mundo
De achar que paz de espírito é algo que ainda vou alcançar
De tentar entender
De ver gente que não merece colher frutos suculentos
De ver meus frutos apodrecerem

Cansei de querer a fazer a tal da diferença. Só quero ser normal. Assim tudo fica mais fácil.

Um tratado sobre o amor inesperado e calejado




No primeiro instante em que Alberto viu Aline foi amor à primeira olhadela. Atitude vibrante, sorriso cativante em seu bocão à la Jagger e voz marcante: Aline era daquele tipo de mulher que ele mais gostava. Independente, dona de si, inteligente, meio assim Leila Diniz e Elis Regina. O melhor tipo de mulher: o dele. E era ela.

Alberto caiu na rede feito peixe. E não conseguia mais parar de pensar naquela mulher que mexia tanto com suas emoções. Novos sentimentos, velhos sentimentos. Pessoa nova. Mas parecia que já a conhecia há anos. Mas de onde? Afinidade. Mesmo compasso. Mesma música. Sintonia.

Fez de tudo pra ter aquela mulher. Apesar do jeito "foda-se o mundo que eu não vim pra cá a passeio" de Aline, não foi tão difícil assim cortejá-la. Nem conquistá-la. Alberto também era, meio que sem saber, o tipo de homem que ela havia sonhado. Porque Aline sentia mas não falava. "Melhor manter o controle da situação!", ela pensava.

Os indícios não mentiam. O fogo no olhar e nas intenções também não. It was meant to be. Alberto fisgou Aline de vez. Nem foi preciso tanto esforço: a admiração era recíproca. Alberto e Aline. Como cerveja e cigarro. Cobertor e dia de chuva. Harry e Sally. Tudo-de-bom que chegava a dar raiva em quem tava de fora.

Mas (porque tem que ter sempre um "mas", não me pergunte porquê!) nem tudo que é bonito no papel, funciona na vida real.

Alberto descobriu que Aline preferia dormir sábado à noite ao invés de sair e encher a cara nos botecos da vida. E que precisava de atenção e carinho. Aline, por sua vez, descobriu que Alberto era muitas vezes distante e frio. E não era nenhum amante latino. Pelo menos, deixara de ser. A vida era pro trabalho. Ou pra todo mundo, menos pra ela. Aline não era tão senhora-de-si como ele havia imaginado. Ou fantasiado, vai saber. Ela tinha medo de baratas e gostava de demonstrações públicas de afeto. Queria que ele segurasse a sua mão, mesmo quando já dormindo. E ela não aceitava de jeito nenhum aquele status de "solteiro" no Orkut do namorado. Alberto não suportava a inquietude de Aline. A impaciência. O falar alto. O discutir. As brincadeiras que soavam como falsa modéstia. E Aline, como toda mulher que finge ser durona, sofria com o descaso de Alberto.

Mensagens truncadas ao longo do caminho. Um desvio. Erro de cálculo. Alberto percebeu que Aline não era Elis. Ela bebia, fumava e se impunha sim. Mas precisava mais dele do que ele previra. Mais Felícia do que Joana Dárc. Aline se decepcionou com o fogo que se aquietou. Com o homem que antes a bajulava e agora parecia não mais precisar dela.

Alberto e Aline. Bonito no papel.

Certas histórias soam melhores quando contadas por terceiros.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Coisas que o dinheiro nao compra






Se eu quisesse ser rica, nao teria escolhido ser professora. Isso eh mais do que obvio. Por uma ironia do destino, nasci com ideais. Utopias. Vocacao. Num mundo capitalista. O que, infelizmente, me torna um ser mais pobre. Sem dinheiro pra fazer tudo o que eu gostaria de fazer. Paciencia.

Eu me viro nos 30. Tem gente que tem que sustentar uma familia com um salario minimo. Pra alguns "reclamo de barriga cheia". Talvez. Mas sei que tenho minha parcela de razao. Mas tambem nao eh de dinheiro e de sua importancia que quero falar. Eu quero falar de tudo o que esse maldito nao compra e, cliches ah parte ou nao, sao justamente as coisas mais importantes.

Nao tem dinheiro no mundo que resolva nossos dilemas. Nossas incertezas. Nossas loucuras. E nao tem dinheiro que compre amizades verdadeiras, uma familia bacana e realizacao pessoal.

Nao tem Euro ou Dolar que valha tanto quanto um sorriso. Um abraco apertado. Um beijo inesperado. Um grande amor. Ter a esperanca de bracos abertos pronta pra te acolher. Te aguardando logo ali, depois da curva, antes da luz no final do tunel. A paz interior. Mesmo quando tudo desaba ao redor.

Sem dinheiro nao se vive. Nao se vive porque precisamos dum teto pra morar, de comida pra sobreviver e tecnologia pra encurtar distancias e tornar a nossa vida mais dinamica e moderna. Dinheiro eh deveras importante. E agora eu sei disso, mais do que antes. Sei o quanto eu venho suando ha anos pra pagar minhas contas e ainda tentar viver com dignidade e de uma forma menos ordinaria. Dinheiro nos comanda. Uma bosta isso.

Mas mesmo assim, nenhuma moeda vale a satisfacao de ser feliz como se eh. Aquele sentimento de dever cumprido. Sem culpas. Sem dor. E a impressao de estar no caminho certo. Mesmo quando a vida quer te mostrar o contrario.

Eu amo tudo o que o dinheiro nao compra. E eh por isso que agora eu sei o exato valor de cada sentimento que permeia meu corpo.

domingo, 1 de novembro de 2009

Augusta




Aqui que ficam grandes histórias.