sábado, 10 de julho de 2010

Uma das poucas coisas que ainda me assusta (ou o desespero dos outros)


Quando foi que as mulheres ficaram desesperadas? Quando foi que eu nao percebi?

Depois de um momento de choque de realidade, descobri que (algumas, espero) mulheres sao seres depressivamente desesperados. E presenciei tudo isso num lugar perfeito para tanto: um casamento. As mulheres viram bicho, mostram sua verdadeira faceta: o que elas querem e precisam eh de um homem. Dum macho. Ponto. A felicidade pela noiva eh sempre genuina, claro. Mas percebo naqueles olhares, um vazio; no tom da conversa, a frustracao por nao ser o momento delas. A esperanca que um bouquet lhes trara. As supersticoes. Os Santo Antonios pendurados. As mandigas. As oracoes. Ah, o desespero.

Sento-me ah mesa. Uma mulher de 40 e poucos anos pergunta se eu sou casada. Nego com a cabeca. "Mas entao tu deve ter namorado". Nao digo nem que sim nem que nao. Nao deixa de ser verdade. E nem precisa. "Entao tu vai disputar o bouquet conosco?" Foi nesse momento fatidico que eu percebi que, nao soh sao malucas as mulheres, como perturbadas. "Nem te preocupa, eu nem vou participar desse momento". "Ah, capaz, eh nossa chance". Meu silencio deixa bem claro que eu nao quero continuar a conversa. Mas ela continua proferindo palavras as quais nao presto mais atencao alguma. "Como tem gente chata no mundo".

Passados alguns minutos, a mae de uma conhecida chega e diz: "Pelo amor de Deus, jah tentei de tudo pra Fulaninha desencalhar, mas nao adianta. Santo Antonio afogado, vela, mel, oracoes. Nao adiantou". Em meio a tanta bobagem, eu nem sei bem o que dizer. Sorrio. Levanto a sobrancelha, como se estivesse pensativa. Percebo que minha postura blase em relacao ao tema constrange e irrita as desesperadas. Elas devem pensar que eu sou louca, pensei eu. Ou lesbica. Whatever.

Seguindo meu caminho pelo evento de enlace matrimonial que mais parecia hospital psiquiatrico conheco uma senhora com seus 50 e poucos anos que nunca casou. Mas ainda espera (assim mesmo, como ela disse) pelo homem da vida. Aquele com quem ela vai casar. Nunca perdeu as esperancas. "Que bom por ela", eu devo ter pensado. Ou "coitada".

Vejo casais felizes. Familias. Gente casada. Gente que se deu bem. Gente que compartilha. "Eles que sao felizes, querida", me diz outra do cla das malucas. Confesso que cogitei a hipotese de fazer o papel de musa do Romantismo e comecar a reclamar da minha vida solitaria tambem. Mas nao, nao seria verdade.

A minha verdade eh que eu adoro comedias romanticas. Me divirto com elas. E eh essa formula do amor que eu sempre quis pra mim: um amor nova-iorquino em que tudo acontece de forma inesperada, bonita e com violinos ao fundo. Em que a mocinha eh inteligente, capaz, independente, bem-sucedida (gosto de acreditar que sou tudo isso). O rapaz eh bonito, gentil, sabe o que quer, nao eh canalha, tem um senso de humor invejavel e sempre ve o lado positivo das coisas. Eh isso que eh o amor pra mim: o que eu aprendi nos filmes.

Na vida real, as coisas sempre foram diferentes pra mim, por isso que me atenho ao amor ficcional. Eu, diferente da maioria da galera do cromossoma XX, nao tenho medo de ficar sozinha. Retificando, tenho medo sim. Tenho medo de me acostumar tanto com minha propria companhia que eu nao precise mais de pessoas. Eh esse meu maior medo. Acostumar-me demais comigo mesma. E eh por isso que eu nao acendo velas, nao faco promessas muito menos espero pelo bouquet nos casamentos pra atrair relacionamentos. Deixo isso pra elas. O que eh meu, como dizem as maes, tah guardado. Nem que seja dentro de uma caixinha de dvd.






Um comentário:

Camila Borowsky disse...

Quem mandou ir nesse tipo de casamento? Não aprendeu nos longos anos de CCAA que esse tipo de coisa se evita? Hahahahaha!

E mais: who cares? O que é nosso está guardado - nem que seja do outro lado do oceano ou um pouco abaixo do Rio Grande do Sul ;)