Natal pra quase toda torcida do Flamengo (e do Grêmio, do Corinthians e do Aimoré também) sempre foi sinônimo de família reunida e um bom motivo pra deixar aquelas velhas desavenças e rixas de lado para celebrar o espírito do nascimento do menino Jesus junto aos que, for better or worse, são a melhor e pior parte da gente. Época em que todo mundo, como num passe de mágica, esquece as dívidas (e só se atola mais ainda), perdoa as brigas e ciúmes e dá o braço a torcer. Eu confesso que não entendo bem de onde vem esse sentimento de redenção todo e acho que o Menino Jesus exerce mesmo grande poder sobre as pessoas. Deveria até tentar cargo político. Porque o "cara" sabe das coisas. É uma magia que vem sei lá de onde. E, pasmem, até eu sou contaminada por essa data. O Grinch em pessoa.
Natal é, tirando aquela versão irritante da Simone pra igualmente chata música do meu heroi John Lennon, tudo de bom. É pretexto pra rever a família que às vezes fica esquecida em diversas partes do mundo. É motivo nobre pra reunir grandes e velhos amigos. É ver a barriga crescer ao maior estilo Homer Simpson e nem dar bola. É beber e comer como se não tivesse amanhã. É época de derreter de calor e mesmo assim nem reclamar. É tempo de confraternização: no trabalho, no prédio, com os mendigos, whatever. É um "Jingle Bells" pra lá e um sorriso pra cá. Não tem mau humor e nem tristezas. É quando se deixa o ano que passou pra trás e se acredita na renovação do espírito. E o ano novo tá logo ali: batendo na porta, pedindo humildemente pra entrar.
Mesmo sendo a mais nova na linhagem dos Pintos, eu sempre curti o Natal em família. Mesmo sendo orfã de avós e sabendo que as tradicionais festas dos Leite e dos Pinto não são mais as mesmas, eu faço de tudo pra não deixar a peteca cair. Já teve ano que, orgulhosos, fizemos uma festa somente meu pai, eu e minha mãe. Deprimente, pra alguns. Pra alguém que demorou pra entender o verdadeiro valor que uma família tem, divino.
Eu nunca fui apaixonada pelo Natal, believe me. Nem quando criança. E sempre tive medo de Papai Noel. Mesmo assim, eu reconheço a importância de tal data na minha vida. E eu cresci, as festas não são mais as mesmas e eu não ganho mais Barbies nem Kens. Agora eu ganho baldes e acessórios pra casa. A casa da Barbie mudou de endereço e de forma. Life's tough.
Como não podemos fugir dos protocolos de final de ano, vou me dar ao luxo de fazer meu pedido. Porque inserida no clima de "daqui pra frente tudo vai ser diferente", eu acredito que o bom velhinho torce pelos bons. E eu sei que fui uma ótima menina nesse 2009 (pelo menos eu acho que eu fui), então imploro pro Seu Noel que ele me perdoe pelo fato de eu ser pobre e não poder presentear amigos e família como eles devidamente merecem. E já me adianto com a desculpa de que vida de mulher independente e dona-da-casa não é fácil não. Mas peço a ele, além de um pouco mais de malandragem pra encarar essa vida meio ordinária, que eu nunca perca o poder de acreditar. Seja no Natal, num futuro melhor, num país sem fome e com educação. Poder de acreditar no amor, na vida e nas pessoas. Porque eu sei que é essa benção que me mantem de pé e seguindo em frente.
Então é Natal. E que venha o 2010.
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