Gil nunca acreditou em relacionamentos. Ou pelo menos fingia muito bem. Tinha raiva de casais felizes. Odiava a dependencia que muitas vezes vinha no pacote chamado romance. Repugnava o dia dos namorados. Gentileza nao era com ela nao: se abrisse a porta do carro, ela provavelmente sairia correndo. Benzinho, docinho, nenem, eca! - apelidinhos davam-lhe nausea. Vamo toma uma ceva hoje?, ela perguntava pras amigas. Elas, por sua vez, tinham que averiguar com "a outra metade" se eles nao tinham combinado algo diferente pra noite. Sabe como eh, prioridades.
Ateh que um belo dia a borboleta pousou no jardim de Gil. Nao era tao bonito como o sol, o mar e a flor. Nem tao sagaz como Holmes. Nem tao letrado como Shakespeare. Nada ativista como Lennon. Melhor: era real. Era humano. Era falivel.
Gil caiu. E nunca mais se levantou. Um tombo desses, ela pensou, vale mais que mil tolas conviccoes juvenis.
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