Eu sempre admirei a geração de 60 e 70. Sempre fui apaixonada pela vida na época em que surgiu o que há de melhor na música, arte e cinema, tanto no Brasil como no mundo. Sempre tive um tremendo respeito pela geração que lutou contra a censura, contra a opressão. E que muitas vezes sofria calada. Mesmo querendo agir e não podendo. Puta respeito.
A minha geração, on the other hand, que tem a faca e o queijo na mão pra ser feliz e completa, é uma das mais vazias e descontentes que eu conheço ou já ouvi falar. É uma geração que, por ironia do destino, sofre por não ter pelo que lutar. Não existe objetivo maior: a vida é vazia mesmo. O mundo não nos surpreende, tudo parece préconcebido e aceito. Não existem ídolos nem gênios. A música é uma cópia refinada do que foi feito. O cinema e os livros também. Nada se cria, tudo se transforma (ou se copia, como preferirem).
Eu sofro desse mal tão típico na minha geração. E me envergonho disso. Ter o direito a toda liberdade e informação que temos já deveria ser motivo suficiente pra ser feliz e completo. Mas não, é justamente o oposto. Quanto maior o acesso, maior o descontentamento. Perdemos a capacidade de nos apaixonarmos pelo simples e genuíno. Queremos o impossível e o impalpável. Queremos o que ainda nem existe. Gente chata, isso sim. Mala sem alça.
Tá certo que descontentamento ajuda a mover montanhas e formar seres mais críticos e menos acomodados. Mas será que é bem assim que acontece conosco?
Minha geração é passiva. É espectadora e não protagonista. E envergonha aquela geração que foi às ruas pra lutar por um mundo melhor.
A gente reclama de barriga cheia. Odeio.
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