domingo, 22 de novembro de 2009

O lado que morreu em mim



Tenho me olhado no espelho e não tenho me reconhecido mais. Quando vejo aquela pessoa do outro lado, me olhando, vejo alguém um tanto ainda desconhecido pra mim. Alguns traços, porém, são bastante familiares. Tenho certeza de que já vi em algum lugar. Mas não, essa nova criatura refletida do outro lado do espelho é diferente: é mais calma, mais pé no chão, menos afobada. Eu vejo nos olhos dela que muito do que ela acreditava se foi com o tempo. Será que foi tudo em vão? - eu pergunto pra ela. Ela, infelizmente, não responde, só observa. Ela é mais esperta que eu, felizmente. E sabe também que não existe resposta pra tudo. O importante é a busca, não o entendimento.

Essa pessoa do outro lado do espelho percebeu muita coisa ao longo desses dois últimos anos. Ela tentou negar, mentir pra si mesma, camuflar o inevitável. Tentou buscar na bebida, a distração. Nos outros, a solução pros seus problemas. A vida dos outros sempre parece mais interessante. Ainda bem que no fundo, no fundo, não é não. Ela sabe que agora não dá mais pra perder tempo. Que o relógio tá passando, sem dó nem piedade. E ela não quer ficar pra trás. Ela cansou de muita gente e de muitas coisas. Cansou de não poder ser quem ela tanto quer. Cansou de não poder fazer tudo o que tem vontade. Cansou de não ter a valorização que seu trabalho merece. É por essas e outras que aquela pessoa do outro lado, que agora me olha com um pouco de pena, sabe que do lado de lá, ela já fez a parte dela. Falta agora, eu fazer a minha.

E é assim que eu finalmente entendi que é hora de crescer.

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