sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O rejunte humano, o gato preto e as vovozinhas



Texto do dia 17/10/09 - o dia em que fizemos contato!


Aqui estou eu, sentada na minha espreguiçadeira multicolor, tomando uma Stella Artois no meu coolerzinho (maior invenção da humanidade ateh então), fumando meu jah tradicional e fiel companheiro Lucky Strike White e tentando aprender a fumar com a mão direita enquanto escrevo com a esquerda no meu “caderninho” os meus devaneios.


Ao som de Queen (I want to break free), eu experiencio meu primeiro dia nos meus humildes 32 metros quadrados. E pra um 1º dia, alguns fatos peculiares já me cercaram e fizeram querer compartilhar pensamentos e acontecimentos.


Morar num apartamento térreo com a janela “de cara” pra rua tem mais contras do que pros, todos nos já sabíamos disso. E eu tinha plena consciência disso quando fiz a minha escolha. “Pensando morreu um burro” Então, sem maiores delongas, eu ignorei esse fato e fiquei com o apartamento. Foi amor ah primeira vista. Fez click-click. It was meant to be. E, num strike of luck, descobri que os poucos pros podem sim fazer alguma diferença. Os moradores do prédio, que são na maioria vovozinhas queridas e simpáticas, jah estão se acostumando a ficar no parapeito da minha janela puxando papo e me contando seus causos. Adorei.


Os pedreiros, que fizeram um ótimo trabalho apesar de toda lenga-lenga e lero-lero, deixaram sua marca aqui também: as paredes e azulejos, ainda repletos de rejunte, deixam minha roupa cheia de marcas brancas e poeira. Sou praticamente um rejunte humano, sem exageros. Mas são marcas que saem. Não deixam cicatrizes, nem efeitos colaterais. Pano com água. Resolvido.



A minha geladeira das Casas Bahia já tem apples, águas e, o mais importante, muita cerveja. Isso depois de redescobrir que não tinha 5 maos pra carregar todas compras que fiz.



As paredes laranja e lilás dão um toque diferenciado no meu humor. E sobrou bastante espaço pros meus quadros e fotos. Fiquei feliz. Não sei ainda como vou me livrar de tanta caixa e papel. But I’m working on it.



A minha areazinha dos fundos, meu refugio, jah conta com freqüentadores assíduos e um tanto que curiosos: gatos. E eu, diga-se de passagem, odeio gatos. Como o telhado não ficou pronto antes da mudança (Salve, São Pedro!), tenho que arcar com as malditas conseqüências. Enquanto tentava ler meu livro sentada na cadeira de praia, percebo uma presença inesperada: um gato preto com seus olhos verdes me encarando. “Pronto, acabou a minha paz!”, eu pensei. Mas ficamos ali. O gato preto no muro e eu, tentando fingir que ele não existia. Mais tarde apareceu outro companheiro. Dessa vez, um mesclado com olhos tão hipnotizantes quanto os do seu amigo. Eh, me convenci de que enquanto eu não tiver telhado, terei que me acostumar com meus inesperados inquilinos. E eles, como eu, jah nasceram pobres. E agora temos algo mais em comum: somos livres. E sim, eh bom ter companhia. Mesmo que ela venha da forma mais inesperada e estranha. Morar






But I have to be sure
When I walk out that door
Oh how I want to be free, baby
Oh how I want to be free,
Oh how I want to break free

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