terça-feira, 23 de novembro de 2010

Smart People


Há pouco mais de um ano assisti a um filme que muito me tocou, tanto pela simplicidade, mas, principalmente, pela maneira como aborda um dos meus temas clichês favoritos: a vida como verdadeira escola. "Smart People", lançado aqui como "Vivendo e aprendendo", conta a triste história de um professor universitário, vivido por Dennis Quaid, que não sabe nada sobre a vida além daquilo que os livros lhe ensinaram. Ele é viúvo, cria filhos igualmente socialmente incapacitados e leva, ao meu ver, uma vida infeliz e medíocre. Até o belo dia em que aparece a loira esvoaçante vivida pela não-sei-ainda-como-definir Sarah Jessica Parker. O que vem pela frente é óbvio e não precisa ser dito. Lembro, porém, da angústia que eu sentia pela personagem de Dennis: ele realmente não era nada "smart", ou melhor, até era, mas só em assuntos referentes ao mundo acadêmico. Na vida "real", nas simples ações cotidianas, um loser total.

"Viu o que dá estudar demais?" foi uma das frases proferidas por mim para minha mãe, minha companheira mór de assistir dvds nos finais de semana. Eu sempre amei estudar, don't take me wrong here. Era uma baita de uma CDF nos tempos de colégio e sempre fui uma ótima aluna na Universidade. Infelizmente, os anos foram passando, a minha vida tomou outros rumos, trabalhei demais, fui em busca de outros sonhos e deixei os livros (acadêmicos) de lado. E filmes como esse só me ajudam a provar que, talvez, eu esteja certa sobre essas pessoas.

Conheço muita gente que só estudou a vida inteira. Quando digo "só estudou" pode até parecer prepotência e desprezo da minha parte. Não, não, não é isso. Acho que estudar é, sem sombra de dúvidas, o melhor caminho para construirmos um mundo melhor. Conhecimento é a solução para muitos dos nossos problemas. Sim. Óbvio. Porém, existe vida além dos livros. E, ao meu ver, é na escola da vida em que realmente colocaremos em prática tudo o que lemos e todo conhecimento adquirido ao longo dos anos.

Na hora de tomarmos uma decisão importante, a vida nem sempre nos propicia tempo suficiente para uma consultinha básica, ainda que rápida. Não existe fórmula para amizades verdadeiras, muito menos para amor, respeito e solidariedade. Comunicação efetiva (aquela em que as partes envolvidas ouvem e falam na mesma medida) não se ensina em cursos de oratória. Enfatizaram que Nazismo e Fascismo são conceitos demodê e repugnantes, mas continuamos segregando e humilhando. Calculamos, esquematizamos, planejamos, esquecendo de fazer o mais importante na vida: viver.

Mestrado algum ensina a dar "bom dia" pro porteiro. Não existe Especialização em boas maneiras e simpatia. Doutorado também não nos transforma em Madre Teresas e afins. Não existe título que apague preconceitos, limitações emocionais e fobia social. Não existem Robin Hoods na Sorbone.

Como professora, sei que, para construir uma carreira terei que estudar, e MUITO. Mestrado, Doutorados: sabe-se lá o que mais me espera. E sim, como professora, tenho a OBRIGAÇÃO de sempre buscar saber mais e mais. O mercado vai me engolir viva caso eu não dance conforme a música. Reavaliei. Me convenci. Ok, vamos lá.

A ideia de voltar a viver nesse mundo acadêmico mais me assusta do que conforta. Sei que me depararei com muitos "tipos" como o personagem daquele filme do início lá. Gente que esconde por trás de teorias e inúmeras leituras uma inaptidão e fobia social. Tenho medo de pessoas assim. E sinto pena. Muita. Porque, no fim do dia, o que realmente importa é a gentileza. O afeto. A compreensão. O tal do "distribuir sorrisos" para desconhecidos aleatoriamente e ajudar a velhinha a atravessar a rua. E isso eu não vejo (quase) ninguém fazer.


sábado, 6 de novembro de 2010

Como nossos pais

Às 7:45 dessa belíssima manhã de domingo, recebi uma mensagem do meu grande pai que dizia "The day is today". Sim, pai, hoje é o nosso dia. Nosso e de todos os devotos fiéis seguidores dessa banda atemporal que são os Beatles. Sim, hoje é o nosso dia. O céu parece mais azul, a ressaca não bateu, nem mesmo a cólica que surgiu pra tentar estragar meu humor triunfou: para tanto, conto com auxílio da medicina e suas drogas. É, hoje é o NOSSA dia, Maccamaníacos!

Sem querer ser repetitiva - já sendo - nem nos meus mais remotos sonhos eu imaginaria estar presente nesse momento "histórico" da cidade de Porto Alegre e, claro, do nosso país. Desde o dia em que o show foi anunciado, meu coração não descansou um segundinho. Confesso que até dei uma choradinha ontem, pré-show, mas me senti meio rídicula por isso. Enfim, as lágrimas de verdade virão hoje. Nonstop.

Música é, provavelmente, depois da minha família e bffs, o elemento mais importante na minha vida (ouso a dizer que substitui até alguns amigos, sometimes...). E, durante 28 anos, Paul me acompanha onde quer que eu vá. Devo isso ao meu pai: meu rei, meu herói, meu ídolo-mor. Não fosse ele, sei que provavelmente teria encontrado o caminho (do bem) e seria uma grande fã de rock por conta própria. O meu ótimo gosto, graças a Deus, veio de berço. E nada melhor do que ter uma família maravilhosa para compartilhar tal momento. Minha irmã e eu vamos celebrar nossa infância, nossa criação religiosamente Beatlemaníaca e rock and roll hoje à noite. Amém.

Não, meu pai não vai no show. Diz que tá muito velho pra esse tipo de aglomeração. Insisti. Depois insisti mais um pouco. Não deu. Racionalmente falando, entendo-o. Nem eu tenho tanta (mais) paciência assim pra esse fanatismo, correria e loucurada. Já disse que vou chegar tarde e ficarei lá no fundo com a velha guarda (que REALMENTE viveu tudo isso, eu fui uma mera seguidora) curtindo um Woodstock à nossa maneira. E quando aquele estádio começar a tremer, é pro meu pai que eu vou ligar. Porque ele merece, nem que por alguns minutinhos, ouvir o cara que mudou nossas vidas. Forever.