sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Despedida do que poderia ter sido



Tou pronta. Agora eh comigo.

Quando pouco eh muito


Que eu sou insatisfeita por natureza eu nunca escondi de ninguem. Que eu reclamo demais do mundo ao meu redor também não eh nenhuma novidade pra quem tem o imensurável “prazer” de conviver comigo. (As aspas, por motivos óbvios. O problema em ser irônico eh q as vezes as pessoas podem confundir certos comentários que eu faço com falta de humildade, mas explicação se dah pra porteiro de boate, jah diria meu pai) Que eu tou sempre desesperadamente em busca de novos sonhos e motivações também jah eh lugar-comum no meu mundo nem tão cor-de-rosa.



Hoje minha mãe disse que eu pareço a Luciana da novela global “Viver a vida” (se fosse na aparência também, talvez eu teria chances com o Sergio Marone). Justamente na novela da “Helena” eu tenho que parecer com a tal da “Luciana”. Fair enough. E na hora eu não entendi o comentário. “Parecida como?”, porque tudo que eh jogado ao vento merece ser esclarecido. Pelo menos pros envolvidos. No fundo, well, eu sabia o porque de tudo isso. Mas quis ouvir mesmo assim. E ouvir de mãe eh sempre melhor, afinal foi ela quem me colocou no mundo. Ela que sempre vai me amar e aceitar, mesmo agindo feito uma “mala sem alca”. E antes ouvir dela do que de alguém que mal me conhece. “Ai, Helena, tu tah sempre buscando algo novo. Não aproveita as coisas direito. Consegue algo, já quer outra coisa. Tu não sossega! Sempre foi assim”.



Pois bem, Dona Ana, pensei eu com meus botões. Tens toda a razão. Eu sei que o meu maior defeito eh ser insatisfeita. E que eu tou sempre procurando sarna pra me cocar. Mas, Dona Ana, mesmo assim, eu acho que eh assim que tem que ser. Quem sabe, algum dia, eu me aquieto. Encontro a tal da paz de espírito. E deixo de pipocar por ai.



Quem dera eu amasse São Leopoldo e quisesse ficar lah pra sempre. Se eu pudesse, juro que eu trocava toda minha ânsia pelo novo pelo prazer e a segurança da calmaria e do familiar. Mas não da. Não tem jeito. Desculpa, mãe!



Ignorance is a blessing. True. Quanto mais a gente sabe do mundo, mais a gente exige dele. E todo mundo sabe que o que eu tou falando não eh nenhuma bobagem não. Eu conheço gente que adora o conforto. Que não troca a rotina previsível (e eh feliz, por que não?) por nada no mundo. Que bom pra eles. Do fundo do meu coração.



Eu, infelizmente, preciso de movimento. E olha que, apesar de tudo isso, eu ainda acho que eu sou uma baita duma preguiçosa. E eh esse fato que empaca a minha vida muitas vezes. But I’m working on it. Promise.



Eu queria poder dormir ah noite tendo a certeza de que estou no caminho certo. De que as minhas escolhas ate então foram as certas. Que tudo de ruim que me aconteceu vai ter uma explicação algum dia. E compensação também. There will be an answer, let it be. God save Paul!



Se eu pudesse tambem, eu abracava o mundo. Resolveria todos problemas dos meus amigos. Da minha família. Tentaria transformar as coisas ao meu redor. Muito da minha escolha profissional vem disso, do meu lado Madre Teresa que pouquíssimos conhecem. E quem não conhece, não acredita. Porque eu falo alto e falo muito palavrão. Isso mesmo. Não dah pra ser freira e Derci, não eh mesmo?



Minha mãe, como toda progenitora, tem razão. Talvez eu não me permita mesmo colher os frutos do que eu planto. Não relaxo. Tou mais preocupada em plantar muitas novas sementes. Que podem vir a brotar, ou não. Que pode vir uma tempestade do nada e levar tudo abaixo. Mas que também pode resultar numa bela duma colheita. E que pode render suculentos e coloridos frutos. A vida eh curta. Fato. A juventude também. E se eu não fizer tudo o que eu sinto que tenho que fazer, eu sei que vou olhar pra trás e me dar conta de que nem sempre o pouco eh muito. Pra mim nunca foi, pelo menos. E durma-se com um barulho desses.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A vida como ela eh (e as voltas que ela dah)



Sentada na minha cama, com meu laptop no colo, chafurdando em velhos arquivos e fotos no meu computer, redescobri jóias raras e preciosas. Fotos, textos, currículos, musicas. Pensamentos. Idéias. Pessoas e momentos. E, de uma forma meio que nostálgica, dei-me conta do obvio: o tempo realmente voa. E a gente nem percebe. Ou porque tah muito ocupado fazendo outras coisas (já diria John Lennon) ou porque nem perbemos mesmo. Não dah pra acompanhar o maldito tempo. Ele voa. E quando me dou por mim, tou aqui. Num quarto que, se me perguntassem alguns 2 anos atrás, quando eu ainda tava em Dublin, eu nem imaginaria que seria meu. Não mesmo.


Ai que se encontra a verdadeira beleza da vida: no inesperado. A minha vida toda tem sido assim, uma seqüência de momentos que, numa sincronia e harmonia quase que perfeitas, acabam desencadeando outros tantos indescritivelmente maravilhosos. Alguns tristes, outros hilários. Fato. Porque não dah pra ter tudo na vida tambem. Mas, se duvidar, you get what you need (jah diriam os tiozinhos dos Stones). And what you need is only up to you, babe.


O rejunte humano, o gato preto e as vovozinhas



Texto do dia 17/10/09 - o dia em que fizemos contato!


Aqui estou eu, sentada na minha espreguiçadeira multicolor, tomando uma Stella Artois no meu coolerzinho (maior invenção da humanidade ateh então), fumando meu jah tradicional e fiel companheiro Lucky Strike White e tentando aprender a fumar com a mão direita enquanto escrevo com a esquerda no meu “caderninho” os meus devaneios.


Ao som de Queen (I want to break free), eu experiencio meu primeiro dia nos meus humildes 32 metros quadrados. E pra um 1º dia, alguns fatos peculiares já me cercaram e fizeram querer compartilhar pensamentos e acontecimentos.


Morar num apartamento térreo com a janela “de cara” pra rua tem mais contras do que pros, todos nos já sabíamos disso. E eu tinha plena consciência disso quando fiz a minha escolha. “Pensando morreu um burro” Então, sem maiores delongas, eu ignorei esse fato e fiquei com o apartamento. Foi amor ah primeira vista. Fez click-click. It was meant to be. E, num strike of luck, descobri que os poucos pros podem sim fazer alguma diferença. Os moradores do prédio, que são na maioria vovozinhas queridas e simpáticas, jah estão se acostumando a ficar no parapeito da minha janela puxando papo e me contando seus causos. Adorei.


Os pedreiros, que fizeram um ótimo trabalho apesar de toda lenga-lenga e lero-lero, deixaram sua marca aqui também: as paredes e azulejos, ainda repletos de rejunte, deixam minha roupa cheia de marcas brancas e poeira. Sou praticamente um rejunte humano, sem exageros. Mas são marcas que saem. Não deixam cicatrizes, nem efeitos colaterais. Pano com água. Resolvido.



A minha geladeira das Casas Bahia já tem apples, águas e, o mais importante, muita cerveja. Isso depois de redescobrir que não tinha 5 maos pra carregar todas compras que fiz.



As paredes laranja e lilás dão um toque diferenciado no meu humor. E sobrou bastante espaço pros meus quadros e fotos. Fiquei feliz. Não sei ainda como vou me livrar de tanta caixa e papel. But I’m working on it.



A minha areazinha dos fundos, meu refugio, jah conta com freqüentadores assíduos e um tanto que curiosos: gatos. E eu, diga-se de passagem, odeio gatos. Como o telhado não ficou pronto antes da mudança (Salve, São Pedro!), tenho que arcar com as malditas conseqüências. Enquanto tentava ler meu livro sentada na cadeira de praia, percebo uma presença inesperada: um gato preto com seus olhos verdes me encarando. “Pronto, acabou a minha paz!”, eu pensei. Mas ficamos ali. O gato preto no muro e eu, tentando fingir que ele não existia. Mais tarde apareceu outro companheiro. Dessa vez, um mesclado com olhos tão hipnotizantes quanto os do seu amigo. Eh, me convenci de que enquanto eu não tiver telhado, terei que me acostumar com meus inesperados inquilinos. E eles, como eu, jah nasceram pobres. E agora temos algo mais em comum: somos livres. E sim, eh bom ter companhia. Mesmo que ela venha da forma mais inesperada e estranha. Morar






But I have to be sure
When I walk out that door
Oh how I want to be free, baby
Oh how I want to be free,
Oh how I want to break free

First looks can be deceiving (thank God!)



A primeira impressão é a que fica, dizem os entendidos. Na minha vida, pra variar, esse velho conceito, veio, como tantos outros, por água abaixo. Minhas maiores amizades e afetos sempre foram com pessoas que, ah primeira olhadela, não me agradaram muito não. Alunos também. Já cansei de ter aquela idéia “Bah, que mala!” ou ainda “Meu Deus, que pessoa chata!” e depois ver essas mesmíssimas pessoas entrando pro meu clube de favoritos. Incrível. Mas no fim das contas, não interessa qual a impressão que fique: a 1ª, a 2ª, ou a ultima, será essa que guardaremos pra sempre. Baseada nos nossos parâmetros. Of course. Porque o que é bom (ou ruim) pra um não será para um outro e vice-versa. E salve as diversidades!



Hoje, em meio a dilemas de “fazer o raio do mestrado ou não”, eu lembrei de uma das melhores professoras que eu tive na faculdade, a Ana Cristina. E ela tinha a faca e o queijo na mão pra carregar uma 1ª impressão super errada sobre mim. Só que ela, esperta como é, sabia bem que quem vê cara, não vê coração.



A Ana sempre teve fama de ser rédea curta. Ou entra no jogo dela, ou não brinca. E eu, bem, nunca tive “medo” de professor algum porque sempre fui adepta ah teoria de que quem sabe o que faz (e faz bem feito) não tem o que temer. Quem não deve não teme. Dito e feito: dessa união, saiu uma bela parceria.



O mais curioso nisso tudo, voltando às falsas 1as impressões do inicio lá, eh que, a primeira cadeira que eu fiz com ela era justamente numa sexta-feira pela manha, um convite pra eu chegar de ressaca sempre, jah que na quinta ah noite o jah falecido Expresso 356 sempre tinha festas imperdíveis. E vai explicar pruma guria de 21 anos que quando se estuda de manha eh melhor ir dormir cedo na noite anterior. Bom, não adiantaria. E com 27, essa mesma “guria” continua abdicando do sono em nome de cerveja. Em menor escala obviamente, porque a gente eh sem noção mas tem limite.



Back to my point, lah fui eu, agosto de 2003, após uma noite mal e pouco dormida, o mundo girando ao meu redor e fui ao encontro do meu “carrasco”. Porque todo mundo já tinha me dito que “com a Ana tem que andar na linha”. “Ta achando que vai ser fácil, não vai não”. Enfim, aqueles papos de corredor de faculdade que tem em qualquer curso e qualquer instituição de ensino.



Sem mais delongas, naquela bela manha de sexta-feira, minha cara e minha atitude diziam tudo: “DO NOT DISTURB”. E, não surpreendentemente, a Ana memorizou meu nome já na 1ª aula. Mágica? Boa memória? Obvio que não. Com aquela cara que eu tava, não seria difícil “marcar” meu rosto, nem meu nome. E que bela primeira impressão que ela teve de mim! (eu, queimando meu filme, sim, infelizmente).



Como o tempo se encarrega de mostrar quem eh quem, eu, humildemente, com meu amor e talento nato pro Inglês (perdoem-me pela falsa modéstia agora, please!) acabei conquistando a professora. Ate hoje eu sei que ela pensa em mim. (e ela é coincidentemente vizinha da minha tia). E sei também que ela se entristece por eu ter largado a vida acadêmica pelo mundo. Eu tinha 22 anos quando peguei o diploma. Segui meu instinto, não contrariei minhas vontades. Ganhei e perdi. E agora, por toda credibilidade que ela sempre depositou em mim, é que eu realmente reconsidero as minhas escolhas. E nunca é tarde pra recuperar o tempo “perdido”. Eu devo isso a ela. Que sempre acreditou no meu potencial. Com ressaca ou de mau humor. E sem falsas primeiras impressões. Valeu, Ana!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quem inventou a burocracia



Quem inventou a burocracia. Alguém me explica, por favor. Até hoje eu não consigo bem entender quem foi o algoz que decidiu que as coisas na vida teriam que ser ainda mais complicadas, pela tal da formalidade. Dos papéis. Monte de bobagem que, pra mim, não serve pra nada. É documento aqui, assinatura acolá. "A Senhora tem a requisição do médico?" ou "Trouxe o documento x? e o y?" ou, pior, "Ah, sem a assinatura do Seu Fulano não vai dar". Puta que pariu! O que mais me incomoda na vida é isso: sempre tem um empecilho, um papel faltando, ou alguém que mandou alguém dizer que faltava aquilo ou aquele outro. Um saco.

Eu nunca tive muita paciência com o mundo, verdade. Mas já sei que sou bem mais tolerante do que eu era no passado. Mas, por favor, alguém me explica o porquê de tanta burocracia no mundo? Por que tanto papel? Muito barulho por nada? Sim, eu sou prática. E escolhi fazer o que faço porque ninguém (teoricamente) se mete no que eu faço. E, burocracias à parte, as do meu trabalho são mínimas. Amém.

Hoje eu me convenci de que burocracia só atrasa nossa vida. Sem ela, tudo seria mais prático. Caótico também, (in)felizmente. E Max Weber e sua maldita teoria da burocracia que me perdoem, mas eu preferia viver num mundo onde um papel não trancaria nem atrasaria minha vida. No meu mundo cor-de-rosa, tudo seria resolvido na conversa. No olhar. Na confiança. Utópico? Sim. Mas é assim que eu prefiro viver.

E sem contar que papelada em demasia resulta em mais lixo e árvores cortadas, né, pessoal!!!!


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A difícil arte: Parte III - Dando nos dedos


O título "dando nos dedos" não é meu. É plágio. Roubei a ideia do Dani. Mas sei que ele não se importa. E sei também que ele vai adorar o pequeno furto da ideia. :)

Mas vamos ao que interessa. Ou ao que não deveria ser interessante (e não é, mas tenho que fazer meu desabafo!). Eu tenho unhas encravadas. Sempre tive. E sempre terei. E essas malditas filhas-da-puta sempre me incomodaram. Porém, já fazia algum tempinho que elas andavam bem comportadinhas. Até demais, pro meu gosto. E essas safadas, depois de terem sido cutucadas pela minha amada mani-pedicure, resolveram dar problema. E uma delas me levou até a Unimed agora a pouco, mais precisamente ao bloco cirúgico. E o médico, simpático e bem-humorado até pra quem tinha que fazer cirurgia às 10 da noite, foi lá, com a faca e o queijo na mão, tirar um pedaço do meu dedo. Cauterizou, na verdade. E cavocou, escavou, abriu, rasgou meu dedão com seu meigo bisturi. A anestesia (ou melhor, a agulha) é o verdadeiro algoz. Ela que dói mesmo. Mas aquilo que dói na hora é o que mais ajuda a curar o que tá podre depois. Poderia filosofar em cima disso agora, mas não vou. Cansei de sentir dor (emocional, física, mental, de qualquer tipo). E a agulha do doutor hoje me comprovou isso. Cansei. Cansei. Mais uma vez: cansei!

Ridículo uma situação dessas parar tua vida. Amanhã não poderei trabalhar. Ficarei de pernas pro ar (literalmente), o dia todo. Não posso. Meu médico não deixa. Tenho que tomar remédios e não posso beber. E fora a dor que vou sentir quando a anestesia passar. Mas sofrer por antecipação não tá com nada. Ao menos isso eu aprendi.

Entre trancos e barrancos lá vou eu, já diria o Zeca. Minha mãe ficou braba comigo. Como se eu fosse responsável por isso. Talvez seria melhor deixar as unhas estilo Zé do Caixão, daí nada disso teria acontecido. Mas não. Meus 10% de lado mulherzinha não deixam. Dancei. Me fodi. Tudo tem seu preço. Até a beleza.

Era melhor ter ido ver o filme do Pelé. E se o Pica-Pau tivesse avisado a polícia, nada disso teria acontecido. Às vezes meu lado burro acredita em praga e macumba. Mas daí eu volto a ser eu mesma e percebo que tem certas coisas que não podem ser previstas nem evitadas. E eu levo uma vida muito ordinária pra ser invejada. Não é olho gordo muito menos agouro. E se for, que se fodam. E que morram atropelados (as)!!!! Mas sei que foi a manicure que errou. Quis fazer algo bem feito e por excesso de zelo acabou me causando todo esse transtorno.

E assim são as coisas na vida. Nem sempre o inesperado se torna agradável. Nem sempre o que é feito de bom coração dá certo. E existem dores bem piores que de uma unha encravada ou um bisturi no dedão do pé. E pra essas, nem morfina adianta.


Daqui pra frente? Não poderei chutar baldes enquanto o dedão não estiver 100%. Isso vai me deixar mais calma, pelo menos. E depois disso? Outras poucas e boas me aguardam, certamente. E que elas não envolvam agulhas nem sangue, por favor.

Agora vou indo, porque o efeito da anestesia passou e a dor (que diz o médico que será "terrível") começa a dar seu ar da graça.

Good night and good luck!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Diferenças que matam (do you really think so?)


What gets us into trouble is not what we don’t know. It’s what we know for sure that just ain’t so (Mark Twain)




O que eu mais gosto na minha profissão (e na vida em geral) é saber que nenhum dia vai ser igual ao outro. Na teoria, sim. Acorda, toma banho, come, sai, aula, volta, bebe, dorme. Felizmente, eu lido com pessoas. E elas são surpreendentemente surpreendentes. Alguns momentos que poderiam ser preenchidos por tediosos intermináveis minutos acabam, na maioria das vezes, se tornando momentos agradáveis. E pra lá de inusitados também.

Eu nunca fui muy de dar aula em empresas. Pros ditos “executivos”. Gerentes. Supervisores. Caralho a quatro. Mas eles sempre me surpreendem e encantam. São pessoas que levam vidas, aparentemente, opostas ah minha. Nada em comum. Nada a ver. E, no fim, acabo sempre por me convencer de que o universo humano se resume à cerveja, bom humor e historias pra contar. Graças a Deus!

O que difere eles de mim é só o traje. O cargo. E o salário também (essa diferença eh um pouco mais gritante, fato!) Mas aqueles homens de terno são tão despojados como eu. Falam e pensam tanta bobagem como eu. Vestem jeans surrado e tênis velho no pensamento. Essência simples.

E eu adoro quando as máscaras caem. E acho triste ver que o que separa os humanos dos humanos são eles mesmos. E seus malditos pré-conceitos. A racionalidade. O querer tudo do seu jeito. E não enxergar a diferença do outro como algo belo. E assim sendo, relacionamentos se desfazem, pessoas se tornam distantes e momentos que poderiam ser legais são jogados no lixo. “Não combina e pronto!” Muito fácil pensar assim.

Agora eu sei que todo mundo é igual. Cruzei oceanos pra descobrir o que tava na minha cara há muito tempo. Somos todos iguais. Incluindo meus vizinhos pagodeiros e os outros que fumam maconha e infestam meu apartamento com seu “vício”. Somos iguais. Em essência. E é isso que tem gente que não consegue ver. Pena.

A dificil arte: Parte II - Handling it on your own



Eu nunca morei sozinha. Sozinha, sozinha. Me, myself and Helena. Já morei em host family africana. Com estranhos e estrangeiros. Dividi apartamento com amigos. Sai de casa e voltei. Indecisões e dilemas. Depois de tantas andanças e vais-e-vens, muito dinheiro sofrido e guardado, um guarda-roupa que sofreu profundamente com isso (pela falta de reciclagem) e uma humilde poupança que foi extinta em poucos meses, eu comprei meu apartamento. Not a big step for humankind, but certainly a huge one for Helena.

O definitivo sempre me assustou. E, dependendo da perspectiva, tal fato pode ser visto como algo, digamos, definitivo (odeio essa palavra, serio mesmo). Sempre tive medo de criar raízes. De settle down. Meio Peter Pan e Holden Caulfield mesmo. Guilty as charged! Não que eu seja partidária do “living la vida loca” do ex-Menudo la. Claro que não. Sempre fui no chão. Mas isso nunca me impediu de fazer o que eu tinha vontade. E agora eu tenho um compromisso. E dos grandes. There’s no free lunch, if you know what I mean.

Um grande sonho concretizado, fato. Como diria Spiderman, however, “With great power, comes great responsibility”. A vida vai ser totalmente diferente agora. For good. Ta, claro, se eu estiver passando por dificuldades, sei que tenho vários ombros amigos e familiares para contar. (alias, aceito doações e presentes!!!) J

Mas eu nunca morei sozinha, sabe? Eu e eu mesma. Sempre tinha alguém quando eu chegava em casa. Pai e mãe. Irmã. Barulho. Arranca-rabo. Um polonês doido que me oferecia Vodka em plena 2ª feira. Um grande amigo que bebia cerveja ate as 4 da manhã, comendo fritura e falando bobagem. Filosofando sobre o nada. Mesmo sabendo que no outro dia teríamos que acordar cedo e work hard. Agora não vai mais ter nada disso. So memórias. E o silencio.

Vai ter internet. Msn. Musica. A cerveja vai continuar sendo bebida e a companhia, dessa vez, será a novela. Aquele bom livro. Meus downloads. Talvez o George Harrison. O cigarro vai ouvir meus dilemas e rir dos meus melodramas. Acalmar minha ansiedade e me ensinar a ser mais paciente. O celular vai mandar mensagens. O Skype vai aliviar a saudade da voz e do rosto dos que estão longe. O meu boneco do Chaves (sim, o que morava num barril!) vai dormir do meu lado. Fiel escudeiro. For better or for worse. Ele que vai enxugar minhas lagrimas. E vai me olhar com aquela carinha meiga e me “dizer” que vai ficar tudo bem.

Eu sei, apesar disso tudo, que vai ser muito bom pra mim. Eu sempre gostei de ficar so. Por mais que eu seja uma “people person” eu sempre tive momentos de “sim, hoje eu me sinto uma ilha e quero que continue assim!”

Meu coração já eh expert em despedidas. Ele sabe bem o que eh ver pessoas que ama ir e vir, do nada. Pra bem longe, pra outro Estado, pra outro pais, pra outra vida ou pra nunca mais. Ele mesmo já deixou tanta gente pra trás e sofreu sozinho. Escolhas. E hoje ele sabe bem que pra sempre eh muito tempo.

Por mais definitivo que tudo isso possa parecer, eu sei que eu nasci desapegada das coisas. Coisas, não pessoas. E sei que eu vou pra onde meu feeling me mandar. Esse maldito que não me deixa sossegar. Não serão alguns metros quadrados e um contrato que vão impedir isso. Hell no!

“Cheguei la”. Consegui o que eu tanto queria. Deixei muita gente feliz e orgulhosa. Isso foi legal. Surpreendi outros tantos que, não me pergunte porque, achavam que eu viveria uma vida digna de participante do Woodstock com muito sexo, drogas e rock and roll e uma mochila nas costas. Doidos são os que pensaram isso de mim.

Sei bem o que eh a dor de partir. E a de voltar também. Sei o preço e o sofrimento envolvidos nisso tudo. Também conheço o sabor de realizar as coisas por mim. Esse sabor não tem igual não. Sempre foi assim. Fazer tudo por conta própria. Colher os frutos. Sem bengalas. E sei que eh pra valer.

Como diria o magistral George Harrison, “if you don’t know where youre going, any road will take you there”. Eu peguei essa Estrada. Fiz uma escolha. Como eu realmente nunca soube bem onde eu quero chegar, eh por essa que eu vou seguir. Afora e bem contente. Mesmo sendo longa e o caminho deserto. Felizmente, sem lobo mau por perto. Amem.


(não preciso explicar de novo que meu teclado é estrangeiro e os acentos são selecionados por critérios até então desconhecido por mim, né??? Sou virginiana e perfeccionista, sorry.)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A difícil arte: Parte I - Letting things go


Tem acontecimentos na vida que, ao meu ver, devem ser esquecidos. Se não completa e eternamente, pelo menos deveriam ser colocados numa "caixinha" no nosso cérebro e fechada a 7 chaves. E somente reabri-la quando fosse a hora certa.

A difícil arte de esquecer: so hard to do, and so easy to say. But sometimes, sometimes, you just have to walk away, walk away... (wise choice, indeed!)

É melhor assim. A gente esquece. Ou finge que não lembra. Faz um bem danado. Pessoas, momentos, instantes, brigas, palavras duras, inverdades, injustiças, o campeonato mundial do Inter. E ocupa a mente com o que realmente interessa.

Esquecer desavenças, picuinhas, rivalidades bobas. Perdoar e pedir perdão (mesmo que só dentro da gente). Pedir desculpas. Esquecer que até os mais sinceros e sensatos mentem. Ou disfarçam a verdade, perhaps. Esquecer os 300 meses de dívida.

Tanta energia gasta remoendo e ruminando o desnecessário. Pra todas essas coisas, uma solução. A minha: Deletar. Tudo. Sem dó. Mas deixá-las lá, paradas, em "stand-by", na lixeira. Algum dia, quem sabe, serão restauradas. E, tomara, tornar-se-ão belos arquivos de doces e insubstituíveis memórias. (salvo o campeonato do Gabiru lá)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Você é o meu, por que não?



Eu sempre fui usuária assídua do nosso amigo trem. Lembro até hoje da minha primeira "viagem" (e não foi uma bad trip, não!). A passagem ainda custava uns míseros 50 centavos (hoje pagamos a absurda tarifa de 1,75!!!!), a modernosa estação São Leopoldo acho que nem existia ainda e eu era uma caloura na universidade. Em busca do primeiro emprego. 17 anos. And a ticket to ride!!! (but at that time I still cared!!!!). O combinado era que minha irmã da cidade grande me esperaria pra almoçar comigo e me dar maiores instruções geográficas sobre como chegar na escola em que faria minha primeira entrevista de emprego. Não me perdi, não peguei o "estágio" mas conheci o TREM!!!!

E desde aquele longinquo tempo (10 anos aproximadamente), eu tenho sido presa fácil dos vendedores ambulantes do trem. Bala de goma (que como nesse exato momento, mas comprei ontem, não em 2000), chaveiros, escapulários, canetas, docinhos e adesivos. Sim, confesso, os vendedores do trem são meu ponto fraco. E me levam à falência.

Se existe um sentimento que eu bato pé contra é a tal da pena. Odeio que sintam pena. De mim, dos outros, não importa. Se é pra sentir pena, melhor não sentir nada. Até indiferença é melhor. Mas, enfim, nesses dados momentos, eu acho que a tal da pena que eu taaaanto repugno, toma conta de mim. E eu começo a catar as moedas perdidas pela bolsa pra comprar qualquer bugiganga que eles oferecerem. Sei lá, eu acho que eu realmente tou ajudando alguém. E tento acreditar que ajudar não é sentir pena não. Enfim. Vai saber.

Mas ontem eu questionei se faço isso genuinamente pra ajudar ou pra me sentir melhor depois. Aquela velha história da culpa. Por ter desejado mal a alguém. Mesmo que por 10 segundos. Por ter mandando pessoas tomarem no cu (sempre sem acento, please!). Mesmo que só em pensamento. Por não ser tão boa e idônea como eu deveria e desejo ser.

Eu não vou na igreja, fato. Então, creio eu, que minha expiação vem assim, acumulando quinquilharias dos ambulantes. Ah, e também sempre pego panfletos na rua. Tento tirar um pouco do peso das costas. Se é que adianta. Stairway to heaven: vou construindo a minha assim. Para o alto e avante!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Gratitude


Good times gone but you missed them
What's gone wrong in your system
Things they bounce just like a spaulding
What'd you think you miss your calling
It's so free this kind of feeling
It's like life it's so appealing
When you got so much to say
It's called gratitude
Good times gone but you feed it
Hate's grown strong you feel you need it
Just one thing do you know
What you think that the world owes you
What's gonna set you free
Look inside and you'll see
When you got so much to say
It's called gratitude


- Beastie Boys

O sonho acabou! (só tem cuca)



Meu pai, sempre muito espirituoso e espertinho, costumava parafrasear o "bitul" John Lennon com sua bela frase que enunciava o término da maior banda de todos os tempos: "The dream is over". E ele (meu pai, não o John) costumava acrescentar uma frase supostamente de autoria própria pra divertir a família em momentos de tédio ou quando voltava da padaria: "O sonho acabou, só tem cuca!" E eu lembro de ouvir isso quando era criança e dar gargalhadas. Mesmo sabendo, hoje, que não tem muita graça não. Enfim. Cada um no seu quadrado.

Uns 20 anos depois, mais precisamente HOJE, eu passei por um momento literal do " o sonho acabou". Fui na padaria e não tinha mais sonho. Só cuca (com a qual eu não simpatizo muito não) e outras guloseimas que não me apeteceram naquele momento não. Hoje eu tinha vontade de sonho. De mumu. De chocolate. De baunilha. Whatever. Tinha que ser sonho. E dos bem recheados. Só ele saciava minha fome, minha gula de gordo. É, mas não tinha. Acabou. "Mas não vão fazer mais não?" "Hoje não, moça!" Lástima.

E como minha mente devaneia de uma maneira inexplicável a todo instante, eu comecei naquele momento a pensar em todos sonhos (não os de comer dessa vez) que acabam. Acabam porque se esgotaram. Ou porque se concretizaram e originaram muitos outros.

Eu, como 95% da população, sou movida a sonhos. No meu linguajar, porém, são chamados de "objetivos". Se eu não tenho nada a almejar, nada "a mais" em mente, minha vida para, estanca, vira um tédio mortal. E eu sou de lua e insatisfeita, lembram? Preciso de motivação pra seguir em frente. Senão, desanda tudo. Aí não tem sonho (o de comer agora) que conserte a situação.

Quando voltei da Zoropa em 2008 eu lembro que voltei mais com sensação de vazio do que de alegria. Vazio porque mais um sonho - o maior deles e mais caro até então - tinha acabado. Assim. Foi. Já era. Voltei sem sonhos. E, meus caros amigos, perder a capacidade de sonhar, é, por experiência própria, a pior coisa que pode acontecer a alguém.

A solução? Comecei a criar novos sonhos então. Reconstruir minha carreira, o primeiro e mais importante deles. Dar uma guinada na vida. Comprar um apartamento. Conhecer mais da América e do meu país, territórios não muito explorados por mim até então. O mestrado que nunca comecei não é sonho não, diga-se de passagem. É mais visto como obrigação moral porque meu lado pseudointelectual não quer que meu cérebro atrofie. Não mesmo. Mas vamos tratá-lo como um sonho também então. Um mais distante, porque a gente sabe que é importante mas também não dá tanta prioridade pra ele não. Santa Ignorância, Batman!

E assim sendo, eu sigo pelo caminho do bem, em busca de novos sonhos. Muitos já foram realizados. 27 anos. Marido? Família? Filhos? Isso só a vida vai me dizer se vou tê-los ou não. E largo nas mãos dela pra decidir tal difícil tarefa pra mim. Por enquanto, deixe estar.

E em 10 anos, onde tu te vês, Dona Helena? Não vejo. Isso é que é o pior. Não tenho nenhuma imagem formada. Só sei que, se estiver viva, terei 37. Mais nada. E espero, do fundo do meu coração, que essa Helena ainda tenha muitos sonhos pra perseguir. Pra realizar. Pra acalmar a ansiedade. Pra fazer o coração bater mais forte. Pra dar cor à vida.

E a vida só com cuca não tem graça não. Esfarela. É seca e dá sede. E eu odeio sentir sede.



domingo, 4 de outubro de 2009

O que realmente importa



Hoje eu tive um domingo atípico, pelo menos pros últimos meses. Hoje eu fiz absolutamente nada. Enfim, esse ‘fazer nada’ depende da concepção de cada um. Mas, pra mim, hoje foi o que eu chamaria de “O DIA DO NADA”.

Acordei mal da gripe. Meio-dia. Fui comer sopa. Depois disso, muita coca-cola e toda uma Zero Hora dominical me esperando pra ser lida. E a li de cabo-a-rabo. Ate os classificados. Depois disso, uma bela revista de fofocas chamada “Quem” me esperava. E eh assim mesmo que tem quer ser, um pouco de cultura. Depois um pouco de cultura inútil. O doce balanço entre o importante e o fútil. O certo e o errado. Engraçado ler essas revistas. Muito. As reportagens, a linguagem usada. Adoro! Me divirto.

Jah devia ser umas 2 da tarde. Sol brilhando lah fora. Mas, por mais que eu soubesse que deveria aproveitar o sol e o dia, meu corpo e minha gripe não deixaram. Chimarrão na Redenção? No way. Aglomeração de pessoas, completamente desnecessário. Encontrar gente que não quero num dia em que não quero socializar, mais desnecessário ainda. Jogo do Gremio? Correr no parque? Não nessas condições. Ficar em casa no sofá mofando? SIM! E digo, foi melhor do que esperado. Assisti ao dvd do clássico “O mágico de Oz”. Peguei no sono. Dormi. Acordei. Futebol na Tv. Noite: mais sopa e um pouco de internet. Um pouco entediada, confesso.

E aqui estou eu, escrevendo. Pensando nas longas horas que aproveitei pra fazer nada. Aproveitei sim. Fiz o que tive vontade. Vontade de fazer nada. Seguir a própria vontade, não tem nada mais encantador do que isso. Mesmo que a vontade seja, hm, de nada.


(a foto eh meramente ilustrativa, porque cigarro e ceva combinam muito com o NADA!)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Lucky Man

Redescobri essa música hoje. Ponto positivo numa semana que teve muita chuva, cirurgia, doença e baixo astral.

http://www.youtube.com/watch?v=qujfdzLJPyU&feature=channel


Happiness
Something in my own place
I'm stood here naked
Smiling, I feel no disgrace
With who I am