quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A dificil arte: Parte II - Handling it on your own



Eu nunca morei sozinha. Sozinha, sozinha. Me, myself and Helena. Já morei em host family africana. Com estranhos e estrangeiros. Dividi apartamento com amigos. Sai de casa e voltei. Indecisões e dilemas. Depois de tantas andanças e vais-e-vens, muito dinheiro sofrido e guardado, um guarda-roupa que sofreu profundamente com isso (pela falta de reciclagem) e uma humilde poupança que foi extinta em poucos meses, eu comprei meu apartamento. Not a big step for humankind, but certainly a huge one for Helena.

O definitivo sempre me assustou. E, dependendo da perspectiva, tal fato pode ser visto como algo, digamos, definitivo (odeio essa palavra, serio mesmo). Sempre tive medo de criar raízes. De settle down. Meio Peter Pan e Holden Caulfield mesmo. Guilty as charged! Não que eu seja partidária do “living la vida loca” do ex-Menudo la. Claro que não. Sempre fui no chão. Mas isso nunca me impediu de fazer o que eu tinha vontade. E agora eu tenho um compromisso. E dos grandes. There’s no free lunch, if you know what I mean.

Um grande sonho concretizado, fato. Como diria Spiderman, however, “With great power, comes great responsibility”. A vida vai ser totalmente diferente agora. For good. Ta, claro, se eu estiver passando por dificuldades, sei que tenho vários ombros amigos e familiares para contar. (alias, aceito doações e presentes!!!) J

Mas eu nunca morei sozinha, sabe? Eu e eu mesma. Sempre tinha alguém quando eu chegava em casa. Pai e mãe. Irmã. Barulho. Arranca-rabo. Um polonês doido que me oferecia Vodka em plena 2ª feira. Um grande amigo que bebia cerveja ate as 4 da manhã, comendo fritura e falando bobagem. Filosofando sobre o nada. Mesmo sabendo que no outro dia teríamos que acordar cedo e work hard. Agora não vai mais ter nada disso. So memórias. E o silencio.

Vai ter internet. Msn. Musica. A cerveja vai continuar sendo bebida e a companhia, dessa vez, será a novela. Aquele bom livro. Meus downloads. Talvez o George Harrison. O cigarro vai ouvir meus dilemas e rir dos meus melodramas. Acalmar minha ansiedade e me ensinar a ser mais paciente. O celular vai mandar mensagens. O Skype vai aliviar a saudade da voz e do rosto dos que estão longe. O meu boneco do Chaves (sim, o que morava num barril!) vai dormir do meu lado. Fiel escudeiro. For better or for worse. Ele que vai enxugar minhas lagrimas. E vai me olhar com aquela carinha meiga e me “dizer” que vai ficar tudo bem.

Eu sei, apesar disso tudo, que vai ser muito bom pra mim. Eu sempre gostei de ficar so. Por mais que eu seja uma “people person” eu sempre tive momentos de “sim, hoje eu me sinto uma ilha e quero que continue assim!”

Meu coração já eh expert em despedidas. Ele sabe bem o que eh ver pessoas que ama ir e vir, do nada. Pra bem longe, pra outro Estado, pra outro pais, pra outra vida ou pra nunca mais. Ele mesmo já deixou tanta gente pra trás e sofreu sozinho. Escolhas. E hoje ele sabe bem que pra sempre eh muito tempo.

Por mais definitivo que tudo isso possa parecer, eu sei que eu nasci desapegada das coisas. Coisas, não pessoas. E sei que eu vou pra onde meu feeling me mandar. Esse maldito que não me deixa sossegar. Não serão alguns metros quadrados e um contrato que vão impedir isso. Hell no!

“Cheguei la”. Consegui o que eu tanto queria. Deixei muita gente feliz e orgulhosa. Isso foi legal. Surpreendi outros tantos que, não me pergunte porque, achavam que eu viveria uma vida digna de participante do Woodstock com muito sexo, drogas e rock and roll e uma mochila nas costas. Doidos são os que pensaram isso de mim.

Sei bem o que eh a dor de partir. E a de voltar também. Sei o preço e o sofrimento envolvidos nisso tudo. Também conheço o sabor de realizar as coisas por mim. Esse sabor não tem igual não. Sempre foi assim. Fazer tudo por conta própria. Colher os frutos. Sem bengalas. E sei que eh pra valer.

Como diria o magistral George Harrison, “if you don’t know where youre going, any road will take you there”. Eu peguei essa Estrada. Fiz uma escolha. Como eu realmente nunca soube bem onde eu quero chegar, eh por essa que eu vou seguir. Afora e bem contente. Mesmo sendo longa e o caminho deserto. Felizmente, sem lobo mau por perto. Amem.


(não preciso explicar de novo que meu teclado é estrangeiro e os acentos são selecionados por critérios até então desconhecido por mim, né??? Sou virginiana e perfeccionista, sorry.)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A difícil arte: Parte I - Letting things go


Tem acontecimentos na vida que, ao meu ver, devem ser esquecidos. Se não completa e eternamente, pelo menos deveriam ser colocados numa "caixinha" no nosso cérebro e fechada a 7 chaves. E somente reabri-la quando fosse a hora certa.

A difícil arte de esquecer: so hard to do, and so easy to say. But sometimes, sometimes, you just have to walk away, walk away... (wise choice, indeed!)

É melhor assim. A gente esquece. Ou finge que não lembra. Faz um bem danado. Pessoas, momentos, instantes, brigas, palavras duras, inverdades, injustiças, o campeonato mundial do Inter. E ocupa a mente com o que realmente interessa.

Esquecer desavenças, picuinhas, rivalidades bobas. Perdoar e pedir perdão (mesmo que só dentro da gente). Pedir desculpas. Esquecer que até os mais sinceros e sensatos mentem. Ou disfarçam a verdade, perhaps. Esquecer os 300 meses de dívida.

Tanta energia gasta remoendo e ruminando o desnecessário. Pra todas essas coisas, uma solução. A minha: Deletar. Tudo. Sem dó. Mas deixá-las lá, paradas, em "stand-by", na lixeira. Algum dia, quem sabe, serão restauradas. E, tomara, tornar-se-ão belos arquivos de doces e insubstituíveis memórias. (salvo o campeonato do Gabiru lá)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Você é o meu, por que não?



Eu sempre fui usuária assídua do nosso amigo trem. Lembro até hoje da minha primeira "viagem" (e não foi uma bad trip, não!). A passagem ainda custava uns míseros 50 centavos (hoje pagamos a absurda tarifa de 1,75!!!!), a modernosa estação São Leopoldo acho que nem existia ainda e eu era uma caloura na universidade. Em busca do primeiro emprego. 17 anos. And a ticket to ride!!! (but at that time I still cared!!!!). O combinado era que minha irmã da cidade grande me esperaria pra almoçar comigo e me dar maiores instruções geográficas sobre como chegar na escola em que faria minha primeira entrevista de emprego. Não me perdi, não peguei o "estágio" mas conheci o TREM!!!!

E desde aquele longinquo tempo (10 anos aproximadamente), eu tenho sido presa fácil dos vendedores ambulantes do trem. Bala de goma (que como nesse exato momento, mas comprei ontem, não em 2000), chaveiros, escapulários, canetas, docinhos e adesivos. Sim, confesso, os vendedores do trem são meu ponto fraco. E me levam à falência.

Se existe um sentimento que eu bato pé contra é a tal da pena. Odeio que sintam pena. De mim, dos outros, não importa. Se é pra sentir pena, melhor não sentir nada. Até indiferença é melhor. Mas, enfim, nesses dados momentos, eu acho que a tal da pena que eu taaaanto repugno, toma conta de mim. E eu começo a catar as moedas perdidas pela bolsa pra comprar qualquer bugiganga que eles oferecerem. Sei lá, eu acho que eu realmente tou ajudando alguém. E tento acreditar que ajudar não é sentir pena não. Enfim. Vai saber.

Mas ontem eu questionei se faço isso genuinamente pra ajudar ou pra me sentir melhor depois. Aquela velha história da culpa. Por ter desejado mal a alguém. Mesmo que por 10 segundos. Por ter mandando pessoas tomarem no cu (sempre sem acento, please!). Mesmo que só em pensamento. Por não ser tão boa e idônea como eu deveria e desejo ser.

Eu não vou na igreja, fato. Então, creio eu, que minha expiação vem assim, acumulando quinquilharias dos ambulantes. Ah, e também sempre pego panfletos na rua. Tento tirar um pouco do peso das costas. Se é que adianta. Stairway to heaven: vou construindo a minha assim. Para o alto e avante!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Gratitude


Good times gone but you missed them
What's gone wrong in your system
Things they bounce just like a spaulding
What'd you think you miss your calling
It's so free this kind of feeling
It's like life it's so appealing
When you got so much to say
It's called gratitude
Good times gone but you feed it
Hate's grown strong you feel you need it
Just one thing do you know
What you think that the world owes you
What's gonna set you free
Look inside and you'll see
When you got so much to say
It's called gratitude


- Beastie Boys

O sonho acabou! (só tem cuca)



Meu pai, sempre muito espirituoso e espertinho, costumava parafrasear o "bitul" John Lennon com sua bela frase que enunciava o término da maior banda de todos os tempos: "The dream is over". E ele (meu pai, não o John) costumava acrescentar uma frase supostamente de autoria própria pra divertir a família em momentos de tédio ou quando voltava da padaria: "O sonho acabou, só tem cuca!" E eu lembro de ouvir isso quando era criança e dar gargalhadas. Mesmo sabendo, hoje, que não tem muita graça não. Enfim. Cada um no seu quadrado.

Uns 20 anos depois, mais precisamente HOJE, eu passei por um momento literal do " o sonho acabou". Fui na padaria e não tinha mais sonho. Só cuca (com a qual eu não simpatizo muito não) e outras guloseimas que não me apeteceram naquele momento não. Hoje eu tinha vontade de sonho. De mumu. De chocolate. De baunilha. Whatever. Tinha que ser sonho. E dos bem recheados. Só ele saciava minha fome, minha gula de gordo. É, mas não tinha. Acabou. "Mas não vão fazer mais não?" "Hoje não, moça!" Lástima.

E como minha mente devaneia de uma maneira inexplicável a todo instante, eu comecei naquele momento a pensar em todos sonhos (não os de comer dessa vez) que acabam. Acabam porque se esgotaram. Ou porque se concretizaram e originaram muitos outros.

Eu, como 95% da população, sou movida a sonhos. No meu linguajar, porém, são chamados de "objetivos". Se eu não tenho nada a almejar, nada "a mais" em mente, minha vida para, estanca, vira um tédio mortal. E eu sou de lua e insatisfeita, lembram? Preciso de motivação pra seguir em frente. Senão, desanda tudo. Aí não tem sonho (o de comer agora) que conserte a situação.

Quando voltei da Zoropa em 2008 eu lembro que voltei mais com sensação de vazio do que de alegria. Vazio porque mais um sonho - o maior deles e mais caro até então - tinha acabado. Assim. Foi. Já era. Voltei sem sonhos. E, meus caros amigos, perder a capacidade de sonhar, é, por experiência própria, a pior coisa que pode acontecer a alguém.

A solução? Comecei a criar novos sonhos então. Reconstruir minha carreira, o primeiro e mais importante deles. Dar uma guinada na vida. Comprar um apartamento. Conhecer mais da América e do meu país, territórios não muito explorados por mim até então. O mestrado que nunca comecei não é sonho não, diga-se de passagem. É mais visto como obrigação moral porque meu lado pseudointelectual não quer que meu cérebro atrofie. Não mesmo. Mas vamos tratá-lo como um sonho também então. Um mais distante, porque a gente sabe que é importante mas também não dá tanta prioridade pra ele não. Santa Ignorância, Batman!

E assim sendo, eu sigo pelo caminho do bem, em busca de novos sonhos. Muitos já foram realizados. 27 anos. Marido? Família? Filhos? Isso só a vida vai me dizer se vou tê-los ou não. E largo nas mãos dela pra decidir tal difícil tarefa pra mim. Por enquanto, deixe estar.

E em 10 anos, onde tu te vês, Dona Helena? Não vejo. Isso é que é o pior. Não tenho nenhuma imagem formada. Só sei que, se estiver viva, terei 37. Mais nada. E espero, do fundo do meu coração, que essa Helena ainda tenha muitos sonhos pra perseguir. Pra realizar. Pra acalmar a ansiedade. Pra fazer o coração bater mais forte. Pra dar cor à vida.

E a vida só com cuca não tem graça não. Esfarela. É seca e dá sede. E eu odeio sentir sede.



domingo, 4 de outubro de 2009

O que realmente importa



Hoje eu tive um domingo atípico, pelo menos pros últimos meses. Hoje eu fiz absolutamente nada. Enfim, esse ‘fazer nada’ depende da concepção de cada um. Mas, pra mim, hoje foi o que eu chamaria de “O DIA DO NADA”.

Acordei mal da gripe. Meio-dia. Fui comer sopa. Depois disso, muita coca-cola e toda uma Zero Hora dominical me esperando pra ser lida. E a li de cabo-a-rabo. Ate os classificados. Depois disso, uma bela revista de fofocas chamada “Quem” me esperava. E eh assim mesmo que tem quer ser, um pouco de cultura. Depois um pouco de cultura inútil. O doce balanço entre o importante e o fútil. O certo e o errado. Engraçado ler essas revistas. Muito. As reportagens, a linguagem usada. Adoro! Me divirto.

Jah devia ser umas 2 da tarde. Sol brilhando lah fora. Mas, por mais que eu soubesse que deveria aproveitar o sol e o dia, meu corpo e minha gripe não deixaram. Chimarrão na Redenção? No way. Aglomeração de pessoas, completamente desnecessário. Encontrar gente que não quero num dia em que não quero socializar, mais desnecessário ainda. Jogo do Gremio? Correr no parque? Não nessas condições. Ficar em casa no sofá mofando? SIM! E digo, foi melhor do que esperado. Assisti ao dvd do clássico “O mágico de Oz”. Peguei no sono. Dormi. Acordei. Futebol na Tv. Noite: mais sopa e um pouco de internet. Um pouco entediada, confesso.

E aqui estou eu, escrevendo. Pensando nas longas horas que aproveitei pra fazer nada. Aproveitei sim. Fiz o que tive vontade. Vontade de fazer nada. Seguir a própria vontade, não tem nada mais encantador do que isso. Mesmo que a vontade seja, hm, de nada.


(a foto eh meramente ilustrativa, porque cigarro e ceva combinam muito com o NADA!)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Lucky Man

Redescobri essa música hoje. Ponto positivo numa semana que teve muita chuva, cirurgia, doença e baixo astral.

http://www.youtube.com/watch?v=qujfdzLJPyU&feature=channel


Happiness
Something in my own place
I'm stood here naked
Smiling, I feel no disgrace
With who I am