sábado, 12 de fevereiro de 2011

O maldito foco

Tem coisas que só no século XVIII seriam diferentes. Eu sou partidária de que, nesse tão longínquo tempo, as pessoas eram, de fato, mais felizes. Provavelmente porque eram mais ingênuas, tinham pouco acesso à informação, tinham mais medo. A vida no século XXI é deveras complicada. Não bastasse o turbilhão de tecnologia e redes sociais interligando o mundo, as pessoas (ditas "seres humanos") não estão aptas a absorver tanto em tão pouco tempo, o que resulta em comoção e loucura geral.

Eu sempre me considerei uma pessoa normal. Well, por "normal", aqui, entenda-se como alguém bem-resolvida e sem maiores dilemas e dramas pessoais. Normal. Nem muito aqui, nem muito lá. Whatever. O problema é que pessoas normais, como eu, parecem pertencer ao antes mencionado século XVIII e não a essa geração que mais parece advinda de freak show do que de carne e osso mesmo.

O mundo me assusta, as pessoas continuam me surpreendendo. E continuamos cometendo os mesmos erros. A intuição pode até falar mais alto, mas duvidamos. Queremos provar que não, dessa vez será diferente. Porque somos pessoas maduras, legais, boas e sabemos o que queremos. E saber o que quer é, agora eu sei, coisa do passado.

Não me agrada muito a ideia de saber que vivemos várias vidas, temos várias facetas e desempenhamos muitos papeis. Gostava mais do tempo em que ser um já bastava. Agora, nada é suficiente. Escrúpulos foram substituidos por personalidades infantis e mascaradas. Bondade virou piada. Gentileza,então, nem se fala. E é nesses momentos em que eu me assusto e tenho vontade de pegar minha "DeLorean" e go back to the past.

Como não sou Marty McFly, vivo como posso. Tento manter o maldito foco nessa vida que mais seduz pro lado negro da força do que para o bem. Tento ser forte, não pender pro outro lado. Mantenho meus princípios e condeno, sem piedade, quem não tem discernimento ou bom senso. Sigo pensando que dissimular, maltratar e manipular é errado. E nesse mar de imoralidade e sacanagem, eu me protejo com bóias para não afundar... E é lá no meio de tantas ondas e obstáculos que eu encontro, meio que sem querer, os poucos viventes que ainda pensam como eu. E nadamos, lado a lado, sempre contra a maré. Até onde der.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Smart People


Há pouco mais de um ano assisti a um filme que muito me tocou, tanto pela simplicidade, mas, principalmente, pela maneira como aborda um dos meus temas clichês favoritos: a vida como verdadeira escola. "Smart People", lançado aqui como "Vivendo e aprendendo", conta a triste história de um professor universitário, vivido por Dennis Quaid, que não sabe nada sobre a vida além daquilo que os livros lhe ensinaram. Ele é viúvo, cria filhos igualmente socialmente incapacitados e leva, ao meu ver, uma vida infeliz e medíocre. Até o belo dia em que aparece a loira esvoaçante vivida pela não-sei-ainda-como-definir Sarah Jessica Parker. O que vem pela frente é óbvio e não precisa ser dito. Lembro, porém, da angústia que eu sentia pela personagem de Dennis: ele realmente não era nada "smart", ou melhor, até era, mas só em assuntos referentes ao mundo acadêmico. Na vida "real", nas simples ações cotidianas, um loser total.

"Viu o que dá estudar demais?" foi uma das frases proferidas por mim para minha mãe, minha companheira mór de assistir dvds nos finais de semana. Eu sempre amei estudar, don't take me wrong here. Era uma baita de uma CDF nos tempos de colégio e sempre fui uma ótima aluna na Universidade. Infelizmente, os anos foram passando, a minha vida tomou outros rumos, trabalhei demais, fui em busca de outros sonhos e deixei os livros (acadêmicos) de lado. E filmes como esse só me ajudam a provar que, talvez, eu esteja certa sobre essas pessoas.

Conheço muita gente que só estudou a vida inteira. Quando digo "só estudou" pode até parecer prepotência e desprezo da minha parte. Não, não, não é isso. Acho que estudar é, sem sombra de dúvidas, o melhor caminho para construirmos um mundo melhor. Conhecimento é a solução para muitos dos nossos problemas. Sim. Óbvio. Porém, existe vida além dos livros. E, ao meu ver, é na escola da vida em que realmente colocaremos em prática tudo o que lemos e todo conhecimento adquirido ao longo dos anos.

Na hora de tomarmos uma decisão importante, a vida nem sempre nos propicia tempo suficiente para uma consultinha básica, ainda que rápida. Não existe fórmula para amizades verdadeiras, muito menos para amor, respeito e solidariedade. Comunicação efetiva (aquela em que as partes envolvidas ouvem e falam na mesma medida) não se ensina em cursos de oratória. Enfatizaram que Nazismo e Fascismo são conceitos demodê e repugnantes, mas continuamos segregando e humilhando. Calculamos, esquematizamos, planejamos, esquecendo de fazer o mais importante na vida: viver.

Mestrado algum ensina a dar "bom dia" pro porteiro. Não existe Especialização em boas maneiras e simpatia. Doutorado também não nos transforma em Madre Teresas e afins. Não existe título que apague preconceitos, limitações emocionais e fobia social. Não existem Robin Hoods na Sorbone.

Como professora, sei que, para construir uma carreira terei que estudar, e MUITO. Mestrado, Doutorados: sabe-se lá o que mais me espera. E sim, como professora, tenho a OBRIGAÇÃO de sempre buscar saber mais e mais. O mercado vai me engolir viva caso eu não dance conforme a música. Reavaliei. Me convenci. Ok, vamos lá.

A ideia de voltar a viver nesse mundo acadêmico mais me assusta do que conforta. Sei que me depararei com muitos "tipos" como o personagem daquele filme do início lá. Gente que esconde por trás de teorias e inúmeras leituras uma inaptidão e fobia social. Tenho medo de pessoas assim. E sinto pena. Muita. Porque, no fim do dia, o que realmente importa é a gentileza. O afeto. A compreensão. O tal do "distribuir sorrisos" para desconhecidos aleatoriamente e ajudar a velhinha a atravessar a rua. E isso eu não vejo (quase) ninguém fazer.


sábado, 6 de novembro de 2010

Como nossos pais

Às 7:45 dessa belíssima manhã de domingo, recebi uma mensagem do meu grande pai que dizia "The day is today". Sim, pai, hoje é o nosso dia. Nosso e de todos os devotos fiéis seguidores dessa banda atemporal que são os Beatles. Sim, hoje é o nosso dia. O céu parece mais azul, a ressaca não bateu, nem mesmo a cólica que surgiu pra tentar estragar meu humor triunfou: para tanto, conto com auxílio da medicina e suas drogas. É, hoje é o NOSSA dia, Maccamaníacos!

Sem querer ser repetitiva - já sendo - nem nos meus mais remotos sonhos eu imaginaria estar presente nesse momento "histórico" da cidade de Porto Alegre e, claro, do nosso país. Desde o dia em que o show foi anunciado, meu coração não descansou um segundinho. Confesso que até dei uma choradinha ontem, pré-show, mas me senti meio rídicula por isso. Enfim, as lágrimas de verdade virão hoje. Nonstop.

Música é, provavelmente, depois da minha família e bffs, o elemento mais importante na minha vida (ouso a dizer que substitui até alguns amigos, sometimes...). E, durante 28 anos, Paul me acompanha onde quer que eu vá. Devo isso ao meu pai: meu rei, meu herói, meu ídolo-mor. Não fosse ele, sei que provavelmente teria encontrado o caminho (do bem) e seria uma grande fã de rock por conta própria. O meu ótimo gosto, graças a Deus, veio de berço. E nada melhor do que ter uma família maravilhosa para compartilhar tal momento. Minha irmã e eu vamos celebrar nossa infância, nossa criação religiosamente Beatlemaníaca e rock and roll hoje à noite. Amém.

Não, meu pai não vai no show. Diz que tá muito velho pra esse tipo de aglomeração. Insisti. Depois insisti mais um pouco. Não deu. Racionalmente falando, entendo-o. Nem eu tenho tanta (mais) paciência assim pra esse fanatismo, correria e loucurada. Já disse que vou chegar tarde e ficarei lá no fundo com a velha guarda (que REALMENTE viveu tudo isso, eu fui uma mera seguidora) curtindo um Woodstock à nossa maneira. E quando aquele estádio começar a tremer, é pro meu pai que eu vou ligar. Porque ele merece, nem que por alguns minutinhos, ouvir o cara que mudou nossas vidas. Forever.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Testosterona

Eu sempre invejei os homens. Ser homem é passear por um mundo onde ser solteiro é sinônimo de virilidade; o excesso de testosterona é visto como macheza e até calvície e cabelo branco são vistos como charme. Infelizmente, no meu mundo, ser solteira é ser triste; chorar e ser frágil é sinônimo de imaturidade e celulite e barriga são pecados dignos de uma eternidade no inferno (e uma vida terrena sem tanto sexo e aduladores, hahaha). O melhor de ser homem, no entanto, é algo que, modéstia à parte, eu sei fazer com maestria: xingar. E nada como um estádio de futebol pra comprovar isso. Meu estrogênio chega a nível zero.

Às vezes eu acho que nasci pra ser homem. Não, não. Eu não gosto de mulheres (sexualmente, I mean). E muito menos gosto de briga, machismo e afins. Não é isso. Eu gosto da infinita liberdade e desprendimento que, ao meu ver, colocam os seres do sexo masculino anos luz à frente de nós, mulherezinhas, ainda apegadas a conceitos do século XVIII, onde nos convenceram de que nascemos pra reproduzir e ser a protetora de um lar feliz. Ser homem é ser livre, por natureza.

Homem trai sem pensar e se arrepender. Faz parte da natureza, eles argumentam. Instinto. (E eu, infelizmente, concordo com eles!) Homem pode xingar, falar palavrão, bater na mesa e, mesmo assim, ser visto pelas mulheres como "macho" e possível reprodutor. Homem pode cuspir na rua. (tá, isso eu acho nojento!) Homem pode tomar banho e sair sem pentear o cabelo que continua atraente. Não precisa cuidar da celulite e da pele. Homem nasceu pra ser bonito pra sempre.

Homem pode ser muito idiota também. Infelizmente. Pode ser insensível e preconceituoso. Também pode ser racional ao extremo e radical. (características nada louváveis, digamos) Homem pode ter filhos sem ter que se comprometer por uma vida toda. Homem nasceu pra ser livre, tou dizendo.

E são nesses 90 minutos que eu passo dentro de um estádio de futebol, nesses momentos super irracionais e levados pela emoção, que eu analiso os homens ao meu redor. E sempre chego à (triste) conclusão de que, sim, existem muitas vantagens em ter-se nascido homem. Homem nasceu pra xingar. Falar palavrão com a mesma voracidade que profere palavras bonitas e tocantes. Homem nasceu pra fazer e - talvez - nem pensar depois. Homem nasceu livre. Nasceu pra chutar baldes. Nasceu pra descomplicar. E, nessas horas também, eu me pergunto como que seres tão louváveis podem se apaixonar por nós, seres tão imperfeitos e complicados. Tão instáveis e chatos. Seres cheios de frescura. Ah, daí me dá uma enorme preguiça de filosofar e eu volto a xingar o juiz. E a coitada da mãe dele. E aproveito, até o fim, aquela testosterona que se apoderou de mim.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Todo Carnaval tem seu fim


E convicções também...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Com fã de Beatles não se brinca!


Eu nunca achei que nessa vida eu seria honrada com a possibilidade de ver um Beatle ao vivo e a cores, em alto e bom som! Nem nos meus sonhos mais remotos eu achei que isso aconteceria. Tá, até talvez fosse viável - eu certamente iria a São Paulo ou até mesmo a Brasília pra ver Paul McCartney. Até que, há alguns dias, eu e todos os outros milhares de Beatlemaníacos fomos agraciados com a maravilhosa notícia de que um dos 4 rapazes de Liverpool viria até nós - isso mesmo! - até essa cidade tão esquecida pelos grandes eventos musicais internacionais. Desde então, tenho que confessar que não durmo direito, não consigo me concentrar e me preocupo se vou conseguir o maldito e tão disputado ingresso como todos os outros bilhões de fãs do Sir Paul. Meu estômago embrulha, tento bolar planos estratégicos pra ser mais rápida que os outros, penso até em recorrer a promessas e mandingas. Até cogitei negociar minha alma, mas, já diriam os experts, com essas coisas não se brinca... Resumo da ópera: enquanto eu não tiver meu ingresso, não serei uma pessoa satisfeita.

Tem muita gente rindo de mim, apavorada com minha reação e com meu aparente distúrbio mental pré-venda de ingressos. Eu não os culpo, sinceramente. Se fosse com os outros, eu provavelmente também questionaria a sanidade mental de um ser que coloca um show de um músico como prioridade (mesmo que momentânea). Ainda mais eu, que sempre fui contra idolatrias e fanatismos... Mas é o Paul McCartney, sabe????

Não é o Aerosmith, nem Green Day, muito menos Madonna (todos artistas respeitáveis)... É o Paul! O Paulzinho! Aquele cara que fez parte daquela banda insuperável e imbatível, saca??? O cara que, mesmo longe dos outros rapazes fabulosos, gravou discos maravilhosos na companhia dos Wings e solito, compreendes???? Tá, é o cara que compôs Yesterday, pronto. Assim, tu certamente vais te convencer de que eu não sou maluca. (apesar de eu não ir muito com a cara dessa música não...)

Tu que não me conhece, ou que mal me conhece, desculpe-me! Não fazes a mínima ideia de como música e principalmente Beatles são importantes na minha vida. Desde os primórdios. Foram eles que embalaram minha infância, adolescência e, agora, fase adulta. Foi ao som dos Beatles que eu me apaixonei por Inglês, aprendi a língua, resolvi passá-la adiante como "teacher"... Graças ao Paulzinho eu tive paixão por instrumentos e comecei a tocar piano (tá, mas eu desisti depois de um ano porque não tinha muito talento, não, hahaha). Foram esses mesmos rapazes que me ouviram em horas de desespero, me acompanharam em momentos de alegria e de filosofia barata também.

Achou tudo uma grande bobagem? Bom, problema é teu. Continuarei levantando minha bandeira anti-tietagem e bizarrices afins. Mas o Paul Mccartney é o Paul McCartney e, sim, com fã (de carteirinha) de Beatles não se brinca! What´s wrong with that??? I'd like to know!

Até dia 07 de novembro, Paulzinho! Sei que vou chorar, vou fazer fiasco e vou assustar muita gente que me acha racional e equilibrada. Quer saber? I don't give a shit!!!! Esse domingo indubitavelmente não será just another day... Pelo menos pra mim e todos aqueles outros que sabem o que é ter um estômago embrulhado por causa de um "showzinho de rock"...




quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Much ado about nothing


No topo da minha lista dos pros em se ter quase 30 anos estah, indubitavelmente, a ausencia de drama na vida. Ou, melhor ainda, da necessidade dele. Quando se eh (bastante) jovem (e mulher), o drama faz parte de tudo. Permeia nossas vidas. Das situacoes mais simples às mais complicadas, ha espaco para o drama 24 horas por dia. Seja ao pegar o onibus, tomar um banho de chuva ou um dia estressante no trabalho, mulheres tendem a relativizar os problemas e aumenta-los com aquela bela ampulheta que eh o drama e transformar suas vidas em um inferno. (Antes fosse o de Dante)

Ah medida em que se envelhece ou se "adquire experiencia" - as you wish - as situacoes cotidianas e corriqueiras - e ateh mesmo as mais "cabeludas" - passam a ser vistas como sempre deveriam ter sido: como realmente sao. Pegou o onibus errado? Acontece. Da proxima vez, leve os oculos junto. Se molhou? Nunca esqueca de levar uma sombrinha na bolsa. Dia dificil? Haverah piores. Tu sabes bem disso.

Os homens canalhas nao nos pegam mais despreparadas, os falsos bonzinhos tambem nao impressionam mais: tente ensinar novos truques para macacos velhos e veja no que dah. Desculpe-me, rapazes, mas voces nao nos enganam mais. Nos, mulheres-de-quase-30, sabemos muito bem o que queremos. Melhor ainda: o que NAO queremos tambem. Entao, nem perca seu tempo.

A ausencia de drama traz consigo mais paz e equilibrio. Traz serenidade. Os amores impossiveis e arrebatadores ficam na tela do cinema. E, que bom: paixoes que nos fazem perder o chao dao trabalho. Bom mesmo eh amar e ser amado, de igual pra igual, como se eh: sem falsas esperancas e expectativas. No trabalho, progresso eh sempre bem-vindo. Mas tambem nao existe mais tanta pressa, imediatismo. One step at a time. Baby steps, se necessario. Nao se chora mais por qualquer final bobo de filme, nas se sofre mais tanto por futebol: nao vale a pena, after all.

Eu sempre fui adepta ah vida de Drama Queen. Apesar de toda minha praticidade, o drama fazia-se sempre presente. Nas duvidas diarias, no imediatismo, no coracao que insistia nao acompanhar a minha admiravel e invejavel razao. Agora, coracao e cerebro andam juntos: demorou! Nem muito aqui, nem muito lah. Que bom que eh envelhecer. O drama deixo pra Julieta. Se amar e sofrer daquele jeito fosse bom, o final dessa historia seria bem diferente. Eu quero normalidade. E essa eh a maior revolucao de todas.