6:30. Alarme do celular despertando enlouquecidamente. "Well, shake it all baby now... Twist and shout..." Os 4 rapazes de Liverpool cantando pra me acordar. Música animada. Justa escolha. Pra um despertar de causar inveja a qualquer um. Pulando de alegria. Mas não, não. Hoje não foi assim. Pensei umas 12 vezes antes de levantar. Sábado de manhã. Banho, suco. 42 minutos de trem me esperando. "Falta pouco, Helena!", eu pensei. Os olhos pesados. Corpo cansado. Mente a milhão. Falta pouco!
Chegando na estação, olho no relógio: 7:19. "Putz, não vai dar!" Assídua frequentadora do nosso amado Trensurb, eu bem sabia que o trem sairia às 7:20. E o próximo, só 15 minutos depois. E aconteceu exatamente o que eu já sabia que ia acontecer. Subo as escadas rolantes em largos passos. Não, não dava pra esperar. Ao pisar na plataforma, escuto o barulho da porta fechando: "Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii". Aquele som irritante e já tão familiar aos meus ouvidos. Dito e feito: porta fechada na cara. Sim, ia ter que esperar aqueles tediosos 15 minutos. "Puta merda" "Podia ter dormido mais uns 10 minutos" Ou ainda, pior, passei pela autopunição: "Não deveria ter enrolado tanto na cama!" Ou também, "Se eu não tivesse entrado na internet..." Muitos "e se?" vieram à tona naquele momento. 15 minutos. parece tão pouco. Mas é muito pra quem tá exausto e só pensa no "conforto" da parede do trem pra encostar a cabeça e aproveitar aqueles 42 minutos pra dar uma bela duma "cochilada" pra ver se a situação melhora um pouco. A long day ahead.
Chegou o próximo trem. Sento, como já de praxe, nos bancos laterais pra poder usar a janela como encosto e dormir. Pronto. Agora sim. Viagem começa. Tudo tranquilo. Até que, opa, um probleminha: o trem para no meio do caminho. "Putz, hoje não é meu dia MESMO!". Voz no autofalante anuncia, "Este trem ficará parado alguns minutos porque tivemos um problema técnico com o trem anterior." Opa, trem anterior! Aquele que fechou as portas pra mim. Que me rejeitou. Que me deixou de mais mau humor ainda. Opa! Pensei nas centenas de pessoas que tiveram que sair daquele trem pra esperar o próximo. O meu. Gente que ia se atrasar. Que devia tá puta da cara. Com razão.
Passados alguns minutos, Estação Anchieta. Um mar de gente revoltada aguardando pra entrar nos vagões já lotados. Assim que paramos na estação, eu pudia ver a cara de saco cheio estampada nos rostos. Abertas as portas, aquele empurra-empurra já costumeiro. "Não vai dar." Acertei. Metade do povo teve que esperar. Ficou pra trás. Uma voz desesperada anuncia: "Senhores usuários, chegará mais um trem dentro de 2 minutos." As caras de mau humor, agora expremidas, ficaram mais brabas ainda. Alguns abandonaram o "apertamento" e resolveram, sabiamente, esperar. Os outros, guerreiros, resolveram enfrentar o fato e viver momentos de sardinha enlatada.
E eu, assistindo a tudo isso, atenta. Até perdi o sono. "5 segundos!" Sentada. Num lugar privilegiado. É, às vezes é bom se deparar com uma porta na cara. Dá até pra sentar na janelinha depois. E, ao som de Elton John no meu Ipod, eu sorri.
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