Eu nunca entendi o porquê de nós, gaúchos, fazermos o demasiado uso do “me vê” pra quase tudo o que a gente quer. Eu não fujo dessa não, tou sempre usando também. “Me vê 10 passagens aí!” Me vê uma caneta, por favor” “Me vê aquela sacola ali?” Me vê. Não faz o menor sentido. Assim como muitas outras coisas que a gente diz.
Falando em expressões idiomáticas agora, meu pai sempre faz uso das melhores. “Tá se fazendo de salame pra ser comido em rodelinha!” (escuto essa desde a minha infância) Ou até mesmo aquela do “tem boi na linha”. Adoro! “Ih, tem boi na linha, abre o olho!”
Meu já falecido tio tinha uma bela expressão cunhada por ele, que era, mais ou menos assim: “Poeira neles!” A teoria dele era a de que se a gente não se “ligasse” em determinadas situações, ia acabar “comendo poeira”. Então, para evitar maiores contratempos, “poeira neles!”. Tipo, “no dos outros é refresco!” Muito boa.
“Tou de óculos” Essa é muito velha. Que é quase irmã gêmea da mais recente “Tô ligado”
Eu tinha um amigo paulista que devido a uma bebedeira de final de ano acabou virando namorado. E ele vivia debochando do meu frequente uso do “capaz”. Bom, nós, gaúchos, sabemos que o tal do “capaz” pode expressar diversos sentimentos. Pau pra toda obra.
- Tou indo pro México nas férias!
- Capaz! (surpresa, alegria, euforia???)
E por aí vai.
Tem muitas expressões engraçadas que a gente usa e nem se da conta do quão nonsense elas são.
Eu às vezes me pego num momento bem Bob Generic (aquele guzirinho cabeçudo do desenho “O fantástico mundo de Bob”) imaginando o sentido LITERAL de tais expressões. Pessoas cortadas em rodelas, feito salame. Um boi num carretel. O emoticom do msn de óculos. Uma pessoa ligada numa tomada. Alguém me dando um espelho pra eu poder “me vê”.
Nossa imaginação é foda. E ao mesmo tempo a gente pode e DEVE dar asas a ela! (conseguiu imaginar essa também?)
(sempre que faltarem acentos, eh culpa do teclado dos estrangeiros)
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