Ao som de "Giz" da Legião Urbana, eu começo meu 50º post. Ontem e hoje a missão era uma única só: demolir meu quarto. Colocar tudo a baixo. Sem piedade. Sem pena. Sem pensar duas vezes. Colocar tudo o que eu não preciso mais no lixo. E sim, não tem sido tarefa fácil. Ainda não acabei. E admito, falhei. Teve muita coisa que eu deveria querer me desfazer, mas não consegui.
Encaixotar o passado e deixar useless things pra trás é, sem sombra de dúvidas, uma grande terapia. Tirando o inconveniente da poeira e da minha rinite, ocorreu tudo tranquilamente. Tou até ouvindo o cd "Descobrimento do Brasil", meu favorito da Legião. Banda que eu tanto amava aos 12, 13 anos e agora não consigo nem ouvir mais. Ah, deixa de ser tão radical, Helena. E hoje, fiz as pazes com o Renato. E relembrei o quanto ele me ajudou com minhas paixões não correspondidas e dilemas de uma adolescente. Valeu, Renato! Por essas e outras que teus cds vão junto comigo. Os vinis, todos eles, vão ficar. Do Skid Row, do Michael Jackson, da Madonna. E muitos outros. Não tem espaço. Não tenho toca-discos. Droga.
Finalmente rasguei e me livrei de muito papel inútil. Burocracia. Hoje eu reencontrei meu primeiro holerite. Da época que comecei a dar aula no saudoso CCAA. R$ 250, 00. E eu era feliz. Bebia, saia, comprava coisas. 250 reais. Nossa! Encontrei documentos do seguro e da compra do meu nada saudoso Fiat Uno (é, eu já tive um carro, mas ele foi trocado pela África do Sul). Meu primeiro contrato de trabalho. Aviso de férias. Contas de celular da época em que eu gastava 30 reais por mês. (o que aconteceu comigo???) Encontrei fotos do tempo de colégio. Fotos de turma. Dei boas gargalhadas. O discurso da minha formatura do Ensino Médio, escrito por mim. Uma babaquice. Mas bonito, até. Fotos e mais fotos. Da época em que eu não tinha linhas de expressão no rosto, pesava 52 quilos e não tinha barriga de cerveja. Era um bom partido até. Minha mãe que disse isso hoje. "É, se não fosse a cerveja..." É, talvez ela tenha razão. Olhei praquela Helena com 16 anos e vi que, fora os quilos e as rugas, continuamos a mesma. O mesmo sorriso, cabelo mais curto e o moletom do Mickey. Fotos de ex-turmas do CCAA. Fotos com grandes amigos da faculdade. Convite de formatura. Histórico escolar. Papelada e souveniers que juntei nas andanças pelo mundo. O primeiro cartão de aniversário que a Camila me escreveu. Na época em que éramos mais colegas de trabalho do que amigas. Convite de casamento da Marlova e do Leandro. Cartas e mais cartas de alunos e amigos. Não, não consegui. Essas memórias, as mais importantes delas, não vão pro lixo.
Eu botei muito papel no lixo. Coisas da faculdade que eu sei que não vou usar. Contratos, extratos de banco, faturas de cartão de crédito (da época em que eu gastava 100 reais neles). Papel. Sem valor nenhum. E que não necessariamente me trazem boas lembranças. Não vão fazer falta. Resolvi doar, finalmente, uns blusões e umas calças jeans que eu vinha guardando há séculos na esperança de perder alguns quilinhos e poder usá-los de novo. Não, eu sei que eu não vou perder esses quilinhos. Tão comigo há quase 10 anos, não vão ir embora tão cedo assim. E que assim seja. Não vai fazer falta. E ainda vai fazer gente feliz. Passa adiante, então.
Quadros, fotos. Meu quarto tá cheio de caixas. Roupas, bolsas, bonecos, fotos, lembranças. Muita coisa vai ficar. Não consigo me desapegar de tudo. Hoje não. Quem sabe, amanhã.
Tou saindo de casa. Pela terceira vez. Só que dessa vez, não tem volta.
She's leaving home. Bye, bye!
Um comentário:
Chorei!
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