Eu tive um namorado irlandês que tinha duas namoradas. Eu era a outra. Palma, palma, não priemos cânico! Eu não sabia que eu era a outra, certainly not. Eu vim a descobrir tal fato no dia do meu 25º aniversário. Um quarto de século. E um grande presente de grego! Eu não deixei esse evento estragar minha super comemoração: 30 amigos de diferentes partes do mundo estavam vindo até meu lindo apartamento dublinense e eu não poderia, de maneira alguma, deixar uma "coisa dessas" estragar meu dia.
E não estragou. Às 4 da manhã, quando fui dormir, eu chorei. Eu e meu travesseiro. E o outro dia, bom, seria o outro dia. Com ressaca e coração partido.
Um belo dia, o mesmo moço bígamo me mandou uma mensagem que dizia mais ou menos assim: "Sabe por que eu fiquei com vocês duas?". Àquela altura do campeonato, mesmo morrendo de curiosidade, eu já nem mais queria saber. Mas a resposta veio mesmo assim. "Porque ela é carente, frágil e sensível demais. Tu é independente, madura, forte, sabe o que quer e me faz rir". Ótimo. Tudo o que eu precisava ler. Se eu era tão "tudo" e a "oficial" tão "nada", por que ele não ficava SÓ comigo?
Eu passei dias tentando entender. "Independente" "Engraçada" "Boa companhia". GRANDE COISA! Fato é que ele nunca largou a outra pra ficar comigo. Ele escolheu, sim, a mais frágil. A carente. A sem sal. E isso mexeu comigo duma forma muito intensa, mas muito esclarecedora.
Passados quase dois anos desse fato, agora eu sei que, quando se trata de amor, não tem lógica nem razão que explique nossos atos. Pessoas são pessoas. E elas sabem o que é melhor pra elas. Se o amor fosse uma batalha, poderia-se dizer que eu perdi daquela vez. E a outra ganhou. Amor não é competição não. O irlandês fez o que tinha que ser feito: ele seguiu o coração. E partiu o meu em diversos pedaços.
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