quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Home is where the heart is





Hoje eu redescobri uma informação muito importante sobre minha pessoa: eu sou nômade. Ou, pelo menos, meu coração é. Meu corpo até pode ter residência fixa, mas, meu coração está, como cantava o Macca, here, there and everywhere... Meu coração já passou por várias cidades, estados, países e continentes. É, eu devo ter um baita heart mesmo...

Boa parte dele reside na tão decadente e antes festiva São Leopoldo, cidade que eu, carinhosamente, apelidei de "San Hell". :) Foi lá que tudo começou. Família, educação, primeiros amores, empregos, faculdade, grandes e insubstituíveis amigos. Sim. Meu coração pertence, mesmo que eu não goste de admitir, basicamente, à São Leopoldo.

Outra parte dele ficou em Cape Town. Quem conhece minha história, sabe bem porquê. Foi lá que eu dei início à tão esperada largada pelo mundo. Comecei a concretizar sonhos e metas. Desbravei uma pequena mas inesquecível parte do velho mundo. Vivi uma segunda vida. Tive outra família. Vivi um amor maior (sem analogias e piadas, por favor). E voltei de lá uma nova pessoa. Com mais sede de mundo. E essa parte do meu coração tá lá, desde 2006. E sempre vai estar.

Outra parte mora na Irlanda. Terra fria, cinza. Sombria. Quase uma Gotham City. Foi lá que fiquei por um ano e as pessoas que cruzaram meu caminho conquistaram, cada uma com seu jeito peculiar, uma parte do meu ser. Dublin foi divisora de águas na minha vida. Por ela, larguei meu emprego de 6 anos. Perdi toda e qualquer estabilidade que eu tinha. Voltei com 10 reais na carteira e uma mochila nas costas. Eu arrisquei. Chutei o balde. Me dei bem? Sim e não. Mas aprendi muito sobre a vida e sobre mim.

São Paulo. Meu endless love mora lá. Minha soul mate. Minha melhor amiga. Outros grandes amigos que fiz nessas andanças pelo mundo também estão lá. Gente que encheu o saco de uma vida ingrata em São Leopoldo e no Sul também. Entonces, Sampa já me adotou por tabela. E essa parte minha é bem mais fácil de revisitar...

Porto Alegre. A cidade que eu tanto odiava quando era criança. E foi ela que eu elegi pra ser residência atual do meu coração. Ou pelo menos do meu corpo. Porto Alegre me conquistou ao longo dos anos. Pessoas. Barulho. Rock and roll. Arte. Cinema. Chimarrão. O pôr-do-sol. Estádio Olímpico. O Guaíba. É, Porto Alegre é demais. Com ou sem GRE-nal. Com chuva ou sol. Sozinha ou acompanhada. POA me faz bem. Me recebeu bem. E aqui tem Polar. Do que mais eu poderia precisar?

A parte ruim de crescer é ter que ter um coração que reside em lugares diferentes. É ter que dividi-lo. Quando eu era criança e meu coração só conhecia São Leopoldo, a vida era mais fácil. Mais estável. Mais certa. Mais sem graça, obviamente.

Agora eu tenho um coração do tamanho do mundo. E ele tá repleto de memórias, identidades e pessoas...

Eu tenho uma teoria pra tudo. E a que diz respeito ao meu coração é muito clara pra mim: ele nunca vai achar um ponto fixo.

É, talvez ele seja nômade mesmo... Um vagabundo (no bom sentido). Talvez ele não queira um ponto fixo não. E enquanto eu não descubro onde ele quer "aportar", ele é do mundo. Vou vivendo assim, mil diferentes Helenas dentro de uma só.

Meu coração não é de pedra não. Ele ama o mundo. E assim sendo, foi sempre correspondido.

Heart: destination unknown

E o mais importante de tudo, parafraseando os gênios dos Mutantes, "só não vá se perder por aí..."


ps: o bom da vida é ter histórias pra contar...

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