segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Chamou na xinxa

Eu amo São Paulo. Mesmo antes de conhecer, eu já era fascinada pelo lugar. Eu sempre amei o caos. O barulho. Gente correndo dum lado pro outro. E São Paulo é assim, não para, não para, não para não!
O que mais me atrai em São Paulo nos dias de hoje são as pessoas que moram lá. Grandes e valiosos amigos estão lá. E toda vez que eu aterrisso em Congonhas, é uma alegria só. A cidade é cinza, chove muito e as pessoas também não são tão bonitas assim. Mas, mesmo assim, tem alguma coisa naquela cidade que me faz bem, muito bem.
Eu sempre gostei de ser anônima, caminhar na multidão e não ser ninguém. Ou melhor, ser alguém, mas só mais um alguém. Acho que sou assim porque venho duma cidade de 300 mil habitantes e lá, bem, todo mundo me conhece. Infelizmente. Em São Paulo eu não sou ninguém. Aliás, sou alguém, mas só pra quem realmente me conhece de verdade e faz questão da minha presença em suas vidas. Melhor assim.
Outra coisa que eu adoro em São Paulo são as gírias que eles usam. Quando eu ouvi um amigo dizendo que tal filme era "da hora", eu fiquei horas rindo, sem parar. "Da hora." Parece algo tão 5ª série, mas eles usam isso sim. "Mó legal!" "Sussa" "Tô de boa" E minhas favoritas "Zica" e "Chamou na xinxa". Chamar na xinxa. Bota expressão engraçada nisso. "Fulano chamou fulana na Xinxa" What the fuck??? Ah, sim, depois eu entendi. "Que zica, meu!" Adoro! "Tô zicado!" Hahaha. Realmente, essas gírias são muito boas.
E, trocando de saco pra mala, apesar do meu senso de direção ser horrível, eu nunca me perco em São Paulo. O metrô é o meu melhor amigo e até entender os mapas eu entendo. Surpreendente! Toda vez que vou pra lá, uma nova aventura. Sempre tem algo novo pra ver, pra conhecer. Augusta, Vila Madalena, Avenida Paulista. Ibirapuera. MASP. Boteco atrás de Bareco. Liberdade. Karaokê. Decorações natalinas em pleno fevereiro. São Paulo é demais!
Me despeço com uma história que aconteceu nesse último fevereiro. Um belo dia em que eu resolvi visitar uma exposição no MASP eu fui atacada por uma "menina" divulgando uma revista e ela me surpreendeu com tal pergunta: "Cê fala português?" Bom, em primeiro lugar, caso eu não falasse, eu provavelmente não teria entendido a pergunta, mas, deixa pra lá. Eu só olhei pra menina e disse "Claro!". "Ah, bom, ufa. Cê parece europeia. Com esse óculos, tão branquinha e loira, não pode ser brasileira não!". Eu, confesso, fiquei semi perplexa. "Não posso ser brasileira, hein?" Tipo, será que eles nunca viram as pessoas que moram no Sul, não??? Enfim, a tal menina me perguntou se "de onde eu vinha" (uma nave espacial, pelo visto) as pessoas eram "como eu". Bom, nesses momentos de ignorância alheia, eu sempre respiro fundo, e, como carrego no sangue o amor pela disseminação da informação, eu resolvi "perder" uns 5 minutos do meu dia e explicar pra moça, em plena Avenida Paulista, que o Rio Grande do Sul havia sido colonizado por europeus e blablabla. Bingo: por isso que eu sou loira e tão branca. A menina ficou muito surpresa e feliz com tal informação. "Mó legal, isso" "Morar no Sul deve ser como morar na Europa então." Eu ri, por dentro. "Não, não. Não é pra tanto não." "O Sul é legal sim, mas não, certas coisas não tem comparação." E nos despedimos ali mesmo. A europeia dos óculos estranhos e a brasileira mal informada. Ela aprendeu que os brasileiros do Sul são transparentes e loiros. E eu segui meu rumo ao anonimato pela maior e mais movimentada avenida do país.
Eu amo São Paulo. E é pra lá que eu vou. Someday, someday...

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