quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A doce ilusão



Eu tinha 16 anos e namorava já há um ano. Tinha certeza de que aquele cara seria o pai dos meus filhos. Que ele era o "The One". My soulmate. My other half. A metade da minha laranja. O meu futuro marido. Sim, naquela época eu ainda pensava em casar (tradicionalmente) e ter filhos. Sim. Acredite. E lembro que, nessa mesma época, eu tive que ouvir da minha digníssima irmã que eu só poderia "tá louca se eu achava que ia ficar com aquele guri pro resto da vida." "Tu é muito nova, Helena! Tem muito pra viver. Muita gente pra conhecer." Eu fiquei furiosa. Lasers saindo dos olhos. "Sua agourenta", eu devo ter pensado. E ela só ria. Desgraçada! E, passados 12 anos que eu comecei meu primeiro namoro "sério", eu tenho que rir, mas gargalhar, chorar de tanto dar risada pensando que (MEU DEUS) eu cheguei a pensar que aquele cara era O cara. Não, nada contra. Não tou cuspindo no prato que comi. Até hoje eu e ele somos bons amigos. Eu, pasmem, consigo fazer dessas. Deixar o passado pra trás e conviver com as pessoas numa boa. Preservando assim, algo que algum dia foi bonito. Válido. Infinito enquanto durou. E ele foi SIM o cara. Mas pra Helena dos 15, dos 16 e dos 17. Full stop.

Refletindo um pouco mais sobre o que minha amada irmã disse, ela tinha razão. Óbvio. Mas eu, completamente apaixonada, com 16 anos e todos os sonhos e hormônios possíveis passando pelo corpo, nunca iria aceitar uma coisa dessas. Devia ser ciúmes dela. Só porque eu tinha um namoro perfeito. Risos. É, por isso que viver é sempre engraçado e surpreendente. Se eu e ele ainda estivéssemos juntos, estaríamos completando agora em outubro 12 anos juntos. Dá pra imaginar uma coisa dessas? Eu, sinceramente, não consigo.

Conheço gente até que conheceu o grande amor na época da escola e tão juntos até hoje. Acho lindo. Acho o máximo. Mas, raro, infelizmente. No meu caso, felizmente. Porque desde que eu fiquei "solteira" em 2001, no auge dos meus 18 anos, eu pude fazer tudo o que eu queria, sem ter que pensar no outro (porque, por mais independentes e senhoras de si que nós mulheres digamos que somos, a gente sempre pensa no outro SIM, vai mentir pra vó!!!). Então fiz minha faculdade, comecei a dar aula, viajei bastante, conheci gente, tive dezenas de micro relacionamentos que não vingaram. Mas que foram deveras agradáveis e engrandecedores. E até hoje rendem horas de conversas com as amigas nas mesas de bar. "Lembra do Fulano?!? BAAAAH!"

Chegando nos 27, eu achava que tava pronta. Pronta pra um relacionamento de verdade. Verdade verdadeira. Cansei de perder tempo. But, on the other hand, a gente na verdade nunca tá pronto. As coisas acontecem quando a gente menos espera. Principalmente as boas. Então, não existe essa de estar "pronto" ou não. Existe o gostar. O tal do "click-click", que o meu amigo Gian tanto gosta de usar. "Tem que dar click-click, Helena!" É, sem click-click não vale a pena, não mais a essa altura do campeonato. Perder tempo não dá. Não mais.

E é aí que eu me pego pensando em todos os caras que a gente conhece, se relaciona, em todas aquelas paixonites que não serviram pra nada, que só nos fizeram sofrer e perder tempo. Ah, eu sou radical, às vezes. Mas, pensando bem, se não fossem esses caras, a gente não saberia TANTO o que quer. Ou melhor ainda, o que NÃO quer. Agradeço a eles, a todos os caras que me ignoraram, me fizeram sofrer, me traíram, não me deram valor, não me quiseram, porque eles fizeram de mim uma mulher. Não uma guria. Boba, ingênua. Mas uma mulher que sabe o que não quer. Que não acredita em desculpas esfarrapadas. Que desconfia da própria sombra. Que tem problemas em se relacionar de verdade porque já sofreu demais. É ressabiada, macaca velha. Mas, que, felizmente, sabe reconhecer o amor verdadeiro. Sabe quando deve e quando não deve "investir". Que se doa, se joga, não pensa duas vezes, vai até o fim. Não tem medo de dar a cara à tapa e finge ser cautelosa. Serena. Tranquila. Que ama e não consegue falar. E sofre por dentro por isso. Que faz de tudo pra ser prática e racional, mas acaba sendo consumida pela paixão e vive, respira e exala amor. E se fode por isso.

Eu sou um zero à esquerda em se tratando de amor, confesso. Descobri isso a pouco tempo. Minhas amigas vão me xingar quando lerem isso. Porque elas acham que não tem problema nenhum comigo, não. Mas, admito, sou um fracasso. Meto os pés pelas mãos, perco a cabeça, faço tudo errado.

E, passados 12 anos de idas e vindas em relacionamentos, eu posso afirmar: Eu sou mais inteligente solteira. Pronto, falei!

9 comentários:

Anônimo disse...

Não sou uma das 'amigas', mas posso te mandar à merda também, né?
Vai à merda!
Te adoro!
Um beijão.

Helena disse...

É assim que eu gosto! Tb te adoro, Tio Daniiiiiiii!

Gian disse...

Aê, é "fazer" click-click, blondie!

Helena disse...

Opa, FAZER click-click! Me escapuliu!

Yuzo disse...

Se todo mundo soubesse terminar um relacionamento pacificamente, os relacionamentos nunca terminariam.
Que bela contradição, hehehe...bjos

chico disse...

eu lembro dessa época hahahahahahhaha

Helena disse...

A epoca do primeiro namorado, chicoria? hahahaha

chico disse...

siiiiim, pois é, te conheço desde aquela época.

nossa, como tu é velha

Helena disse...

como EU sou velha??? hahahah Eu tinha 15 anos, e tu, hein, tinha quantos??? A-ha!